Por:Ricardo Daehn - Correio Braziliense
Com um painel bastante representativo de impasses políticos e de degradação social latentes no Brasil, a comitiva de cineastas nacionais ocupa bastante espaço na 69ª edição do Festival de Berlim, estendido até o próximo dia 17.
Vários filmes nacionais estão no evento que, para os brasileiros culminará com a projeção, sexta-feira (dia 15/02), do longa Marighella assinado pelo ator Wagner Moura. Com produção assinada por Fernando Meirelles e Wagner Moura, o filme trata de censura e resistência, tendo Seu Jorge como astro do roteiro escrito por Felipe Braga e Wagner Moura.
A ser mostrado no Berlinale Palast, Marighella traça um painel de 1964, com a ditadura militar a todo vapor, e, diante de modelos revolucionários de Zapata (do México) e Sandino (da Nicarágua), Marighella assumiu atos inspirados ainda por Che Guevara.
Morto em 1969, o protagonista tem a vida contada em mais de duas horas e meia. Mostrando a perseguição desencadeada pelo oficial Lúcio (Bruno Gagliasso), Marighella traz ainda no elenco Humberto Carrão e Adriana Esteves.
Hoje , na programação de Berlim, o diretor Armando Praça apresenta o longa Greta, estrelado por Marco Nanini, no segmento chamado Panorama. Na fita, Pedro é um idoso enfermeiro que abriga, em casa, Jean, um jovem paciente, para dar possbilidade de tratamento para uma amiga transgênero. No mesmo segmento do festival, o diretor Marcelo Gomes apresenta Estou me guardando para quando o carnaval chegar, que mostra a interferência da produção de calças jeans no cotidiano de Toritama (Pernambuco).
Temas atuais
A ocupação de uma fábrica açucareira, em Goiás, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra está no centro do documentário Chão, elencado para a sessão Forum do evento. Assinado por Camila Freitas, o filme enfatiza princípios de utopia.
Com acalorada receptividade, em sessão de sábado, Espero tua (re)volta é um documentário presente no festival alemão e candidato a prêmios pelo segmento Generation 14plus. A ser reprisado quinta-feira, o longa é assinado por Elisa Capai e mostra movimentos a favor de um ensino de qualidade e que motivaram mobilizações estudantis em 2013.
Outro título nacional que já causou na seção Panorama é assinado por Gabriel Mascaro: Divino amor. Coproduzida por seis países, com predominância nórdica, a fita é estrelada por Dira Paes e Julio Machado, e terá reprise, amanhã. Situado em 2027, o enredo acompanha rituais sexuais para fortalecimento de casais às vias da separação. Amanhã, o retrato de racismo e machismo no Brasil estará estampado em Forum Expanded, que mostrará O ensaio. No filme de Tamar Guimarães, estão Isabél Zuaa (As boas maneiras) e Kelner Macêdo (Corpo elétrico).
Na mostra central de Berlim, as atenções se voltam para Piranhas, do italiano Claudio Giovannesi. Na tela, ele adapta obra de Roberto Saviano que mostra uma geração perdida, formada por jovens criminosos sem futuro na Itália atual. Já o veterano, André Téchiné exibe Adeus à noite, com a musa Catherine Deneuve. O filme está fora de competição.