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Foram 60 dias entre o início das filmagens e o lançamento, na última quinta-feira. “A gente até teve uma proposta de orçamento maior, muito maior do que a gente teve, com mais tempo para fazer o filme e lançá-lo no final do ano, depois das eleições. A gente rejeitou, preferindo fazer sem grana para não perder esse momento”, enfatiza Blat, que montou “O Debate” à medida que filmava a história protagonizada por Débora Bloch e Paulo Betti.
A trama acompanha a exibição de um debate entre dois candidatos à presidência que chegaram ao segundo turno – um de extrema direita, candidato à reeleição, e outro representante da ala esquerdista. Qualquer semelhança com Jair Bolsonaro e Lula não é mera coincidência. O roteiro, baseado em texto de Jorge Furtado e Guel Arraes, cita episódios reais, como o tratamento dado à pandemia, o negacionismo e o ataque às instituições.
Esse grande embate, porém, é visto por outros olhos, a partir de uma relação amorosa entre dois jornalistas de posições diferentes. A intenção é mostrar que, apesar dessa divergência, a convivência harmônica é possível. “A gente defende coisas que são anteriores à política, sabe? A trama de amor é tão importante quanto a trama política. A gente acredita na história deles, no amor deles, torcendo por eles e pelo país. É tudo uma coisa só”.
Blat explica que o filme não quer simplesmente “virar votos”, mas sim ter uma conversa com aqueles que estão ligados ao campo progressista. “Somos totalmente críticos ao governo, mas o que o filme propõe primeiramente é uma conversa racional e afetuosa. Mesmo as pessoas que têm um voto definido, se elas conseguirem ouvir o outro lado e se reconciliarem, estarão construindo um diálogo verdadeiro”, defende o realizador.
Ele lembra uma das frases da âncora vivida por Débora Bloch, que diz que 30% dos eleitores decidem o voto na última hora. “Até o último momento, dá para pegar alguns desses e lembrá-los do que aconteceu há pouco tempo. O brasileiro é especialista em esquecer o que aconteceu três, quatro anos atrás. O filme propõe um pouco esse exercício, um debate amoroso com respeito pela opinião divergente”, sintetiza o diretor, que teve ainda sob a batuta o ator Paulo Betti.
Para Blat, foi um privilégio trabalhar com “dois artistas gigantes que têm um lugar de fala”, destacando o papel de Betti como editor de telejornal de posição mais moderada, “ele que é um cara super de esquerda, com uma história de luta política”, e que teria entregue uma de suas atuações mais marcantes. E Débora Bloch? “Ela é uma musa da democracia, né? Acho que depois desse filme ela pode se candidatar a qualquer cargo que será eleita”, afirma.
Há muito tempo Blat vem estudando e se preparando para iniciar a carreira de cineasta. “Andava pela rua com roteiros embaixo do braço quando veio a pandemia e parou os estúdios. Aí veio esse convite que chegou na hora certa, no momento em que estamos desabafando. Não é à toa que esse filme vem logo em seguida a ‘Medida Provisória’, do Lázaro Ramos, que veio depois do ‘Marighella’, do Wagner Moura”, analisa.
“É a minha geração de atores assumindo a dianteira, dando uma resposta com três filmes extremamente políticos, tentando responder ao que está acontecendo no país nesse momento. Foi uma estreia que pude juntar realmente tudo o que eu mais acredito”, define Blat.
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Foram 60 dias entre o início das filmagens e o lançamento, na última quinta-feira. “A gente até teve uma proposta de orçamento maior, muito maior do que a gente teve, com mais tempo para fazer o filme e lançá-lo no final do ano, depois das eleições. A gente rejeitou, preferindo fazer sem grana para não perder esse momento”, enfatiza Blat, que montou “O Debate” à medida que filmava a história protagonizada por Débora Bloch e Paulo Betti.
A trama acompanha a exibição de um debate entre dois candidatos à presidência que chegaram ao segundo turno – um de extrema direita, candidato à reeleição, e outro representante da ala esquerdista. Qualquer semelhança com Jair Bolsonaro e Lula não é mera coincidência. O roteiro, baseado em texto de Jorge Furtado e Guel Arraes, cita episódios reais, como o tratamento dado à pandemia, o negacionismo e o ataque às instituições.
Esse grande embate, porém, é visto por outros olhos, a partir de uma relação amorosa entre dois jornalistas de posições diferentes. A intenção é mostrar que, apesar dessa divergência, a convivência harmônica é possível. “A gente defende coisas que são anteriores à política, sabe? A trama de amor é tão importante quanto a trama política. A gente acredita na história deles, no amor deles, torcendo por eles e pelo país. É tudo uma coisa só”.
Blat explica que o filme não quer simplesmente “virar votos”, mas sim ter uma conversa com aqueles que estão ligados ao campo progressista. “Somos totalmente críticos ao governo, mas o que o filme propõe primeiramente é uma conversa racional e afetuosa. Mesmo as pessoas que têm um voto definido, se elas conseguirem ouvir o outro lado e se reconciliarem, estarão construindo um diálogo verdadeiro”, defende o realizador.
Ele lembra uma das frases da âncora vivida por Débora Bloch, que diz que 30% dos eleitores decidem o voto na última hora. “Até o último momento, dá para pegar alguns desses e lembrá-los do que aconteceu há pouco tempo. O brasileiro é especialista em esquecer o que aconteceu três, quatro anos atrás. O filme propõe um pouco esse exercício, um debate amoroso com respeito pela opinião divergente”, sintetiza o diretor, que teve ainda sob a batuta o ator Paulo Betti.
Para Blat, foi um privilégio trabalhar com “dois artistas gigantes que têm um lugar de fala”, destacando o papel de Betti como editor de telejornal de posição mais moderada, “ele que é um cara super de esquerda, com uma história de luta política”, e que teria entregue uma de suas atuações mais marcantes. E Débora Bloch? “Ela é uma musa da democracia, né? Acho que depois desse filme ela pode se candidatar a qualquer cargo que será eleita”, afirma.
Há muito tempo Blat vem estudando e se preparando para iniciar a carreira de cineasta. “Andava pela rua com roteiros embaixo do braço quando veio a pandemia e parou os estúdios. Aí veio esse convite que chegou na hora certa, no momento em que estamos desabafando. Não é à toa que esse filme vem logo em seguida a ‘Medida Provisória’, do Lázaro Ramos, que veio depois do ‘Marighella’, do Wagner Moura”, analisa.
“É a minha geração de atores assumindo a dianteira, dando uma resposta com três filmes extremamente políticos, tentando responder ao que está acontecendo no país nesse momento. Foi uma estreia que pude juntar realmente tudo o que eu mais acredito”, define Blat.