Lucas Medina Homem de Ferro Dinossauro. Ao nome verdadeiro, o garoto espanhol de 4 anos acrescenta o super-herói preferido e seres pré-históricos que transformaram a casa da mãe Maria Moreno Cabanillas numa espécie de Parque dos Dinossauros.
“Ele fala o tempo inteiro em dinossauros”, observa Cabanillas, em frente a um Tiranossauro Rex instalado na praça de alimentação do shopping Pátio Savassi, na região Centro-Sul de BH, onde teve início, nesta semana, a exposição “Mundo Jurássico”, com réplicas de 12 “bichões” de respeito.
A abertura da mostra coincide com a entrada em cartaz de mais um filme da franquia criada por Steven Spielberg: “Jurassic World – Reino Ameaçado”.
Antes mesmo do cineasta e produtor buscar inspiração no livro de Michael Crichton (mesmo autor de “Westworld”, série em exibição na HBO), os gigantes que viveram na Terra há milhões de anos já eram alvo de fascínio.
Família espanhola confere Tiranossauro Rex
“Acho que tudo parte do nosso interesse em saber o que se passou no planeta antes dos humanos, em conhecer a História”, diz a vendedora Júlia Gonçalves, que, na última quarta-feira, filmava todos os detalhes do T-Rex em versão animatrônica para mostrar aos sobrinhos.
O aposentado Marco Antônio Vevé também estava com uma câmera à mão, registrando outro dinossauro na entrada do shopping. “Quando criança, meu filho fazia dinos com massinha. E hoje continua fazendo, ao lado do meu neto”.
Aprendizado
Desde os seis meses, Marco Medina não fala em outra coisa que não dinossauro. Ele sabe o nome de várias espécies. A família ajudou a cultivar o interesse, cercando-o de livros. “Ele não viu os filmes (produzidos por Spielberg), ainda, por causa da idade”, registra a mãe.
No pouco tempo que reside na capital, o menino já visitou o Museu de Ciências Naturais da PUC e se prepara agora para conhecer o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG para se inteirar mais sobre os seres, cujas ossadas foram encontradas na Grande BH.
Para o paleontólogo e professor da Federal, Mario Alberto Cozzuol, o interesse despertado pelos dinos, especialmente nas crianças, não é difícil de explicar. “Em primeiro lugar, eles são enormes. Quando você vai ao zoológico, o lugar que mais visita é a parte dos elefantes, dos grandes felinos, não é mesmo?”, observa.
Além do tamanho, a imaginação é outro ingrediente a pesar na balança. “Como nunca se viu um dinossauro vivo, a partir de uma ossada, completa ou parcial, você tenta reconstruir o que eles eram, liberando a imaginação – e não há coisa mais interessante numa criança do que a imaginação”.
A exposição no Pátio Savassi ficará em cartaz até 15 de julho, com 12 réplicas animatrônicas que chegam a seis metros de altura
Imaginação
E é no campo da invenção que os dinossauros devem ficar, pois, ao contrário dos que os filmes propagam, trazê-los de volta à existência é impossível com a ciência de hoje. “Para isso, você teria que ter restos de DNA e os fragmentos mais antigos já encontrados são de alguns milhares de anos. Não de milhões”, assinala.
Cozzuol sublinha que a única forma de revivê-los é buscando ser o mais preciso possível na reconstrução deles, que está na essência da paleontologia. “Uma das coisas mais interessantes dessa profissão é que, ao achar um esqueleto, você não irá reconstruir de qualquer forma. Existem parâmetros”, coloca.
Depois de Spielberg recorrer à tecnologia digital, o próximo passo é a holografia. “Acredito que, em pouco tempo, veremos dinossauros próximos à realidade passeando entre a gente nos museus”, cogita o paleontólogo.
Personagens de Chris Pratt e Bryce Dallas Howard retornam nesta continuação
Ossadas e réplicas de dinossauros também podem ser vistas no Museu de Ciências Naturais da PUC e no Museu de História Natural da UFMG
Enredo de novo longa é caricato e deixa a desejar
Com quatro filmes em que a tecnologia foi preponderante, vencendo o maior desafio de uma série sobre dinossauros (a criação realista dos protagonistas jurássicos em inte-ração com os personagens humanos), os produtores de “Jurassic World – O Reino Ameaçado” entenderam que precisavam de outros elementos para fugir à sensação de repetição, já perceptível desde o segundo longa-metragem.
A proposta foi abrir maior espaço para o terror, a partir da direção do espanhol Juan Antonio Bayona, especialista no gênero. Ele conseguiu criar atmosferas interessantes, trabalhando sombras sem tornar o filme muito escuro (que poderia ser entendido como uma forma de esconder limitações de efeitos especiais), mas todo esse esforço esbarra num problema: a falta de densidade dos personagens.
As quatro produções anteriores da franquia de Spielberg poderão ser conferidas neste sábado, no Telecine Pipoca (TV por assinatura)
Sem conteúdo
O roteiro transforma os atores em propagadores de gritos e sustos, em cenas muitas vezes constrangedoras. Ao levar os dinos para fora do ambiente controlado da ilha de Nublar, o que seria outra boa cartada do novo filme, a tensão é trocada por uma deslocada comicidade, gerando uma luta entre Bem e Mal tratada de maneira caricata, encabeçada por terroristas que querem usar os gigantes para dominar o planeta.
Apesar de tentar inverter a ótica sobre os dinossauros, encarados mais como vítimas do que monstros, “O Reino Ameaçado” é previsível do início ao fim, podendo-se antecipar não só o que irá acontecer, mas também a forma e até mesmo alguns diálogos. Agora é esperar que a continuação, em que os seres pré-históricos retomarão seu habitat, não se transforme num malfadado filme de zumbis.