'Plano controle', de Juliana Antunes, e 'Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados', do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas disputam com outros 10 filmes

Brasília - Dois curtas mineiros disputam a mostra principal do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: ‘Plano Controle’, de Juliana Antunes, e ‘Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados’, de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito. Além dos dois, outras 10 produções concorrem ao prêmio, que será anunciado neste domingo.

Após o sucesso de ‘Baronesa’ no ano passado, Juliana Antunes volta aos festivais para apresentar um curta que trata dos acessos tecnológicos na sociedade. Em cena, a personagem interpretada por Marcela Santos quer desbravar o mundo com o serviço de teletransporte da companhia de celular, mas seus anseios são limitados pela insuficiência de créditos no plano. Em vez de Nova Iorque, ela só consegue chegar ao bairro Nova York, em Belo Horizonte mesmo.

“Assim como ‘Baronesa’, é um filme sobre território e quem tem acesso a ele. Quem pode viajar e quem não pode. O mundo é possível para mim - mulher branca, que fala inglês e faz cinema -, mas não é possível para tantas outras pessoas”, diz Juliana.

E antecipa: o próximo filme também tratará da questão da territorialidade. Trata-se de um road movie em que três mulheres mineiras pegam um ônibus de excursão ‘bate-e-volta’ para conhecer Copacabana, mas, tendo que retornar antes do pôr do sol para trabalhar na segunda-feira, decidem ficar e desbravar o Rio de Janeiro, mas se perdem por lá.

Concorre com ‘Plano Controle’, a co-produção Minas-Pernambuco, ‘Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados’, realização do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

O filme mostra o que há por trás do trabalho das ocupações urbanas. O material gravado para acervo do movimento, formação política dos integrantes e mesmo denúncia em caso de abuso das forças policiais foi decupado por uma equipe de dez pessoas, e deu forma ao filme, levando o espectador para dentro da ocupação.

A câmera leva o espectador a ser um participante da ocupação, da chegada ao local escolhido até o fincar da bandeira do movimento.

“É uma imersão. Te colocamos dentro, mas, quando [o espectador] se sente dentro, é retirado. Jamais terá por completo a experiência sem de fato participar. Então, junte-se”, convida Pedro Maia de Brito, um dos quatro diretores do curta.

Além do trabalho de externalizar da comissão de comunicação do MLB, o filme é exibido nas ocupações do movimento, permitindo que as pessoas se reconheçam na tela. “Eles se sentem representados. Ali recordam os momentos que passaram”, traduz Cristiano Araújo.

*O repórter viajou a convite do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro