array(31) {
["id"]=>
int(152415)
["title"]=>
string(60) "Barbie: filme questiona legado da boneca através da sátira"
["content"]=>
string(5517) "CRÍTICA
Um dos muitos fenômenos curiosos com relação ao lançamento de Barbie, já em cartaz, é o fato de o longa ter se transformado em um dos maiores acontecimentos cinematográficos recentes no mesmo momento de culminação da crise em Hollywood, com a greve dos atores e roteiristas. Encurralada há anos devido ao avanço do streaming e ao desastre da pandemia, a indústria precisava de um filme-evento que mobilizasse o público para além de nichos e gerações. E, sim, ela achou.
Dirigido por Greta Gerwig em seu terceiro trabalho-solo (os anteriores foram Lady Bird e Adoráveis mulheres, multi-indicados ao Oscar) e estrelado/produzido por Margot Robbie – em mais uma
atuação formidável –, Barbie demorou cerca de 14 anos para ganhar vida, passando por troca de estúdios e incertezas sobre a abordagem. Sua cara, no entanto, é a mais contemporânea possível.
O simples fato da diretora e seu co-roteirista Noah Baumbach, ambos vindos do cinema independente autoral, estarem no comando criativo demonstra a tentativa da Mattel e da Warner de apresentar algo que pareça novo e ‘conceitual’ (parte de todo o fenômeno tem a ver também com a curiosidade sobre o enredo e o tratamento do conteúdo).
Robbie interpreta literalmente a ‘Barbie-padrão’, que mora em Barbielândia com as inúmeras outras Barbies (e Kens), e tem na sua casa dos sonhos uma vida interminavelmente perfeita. Tudo muda quando surgem em sua mente pensamentos de finitude, que contaminam cada coisade sua rotina ea forçam a buscar quem está brincando com ela no mundo real. Com a ajuda do Ken-padrão (Ryan Gosling), ela se depara com uma realidade oposta ao que sempre conheceu.
A título de registro, Barbie não é exatamente destinado ao público infantil. Ainda que, superficialmente, possua suficientes elementos para agradar crianças, boa parte de suas proposições e referências estão fora do alcance delas, sobretudo no tocante a papéis de gênero na sociedade patriarcal, contextos de criação de um produto industrial e o legado histórico da boneca na formação das meninas. Naturalmente ciente de que não há como evitar a ida em peso de vários pequenos ao cinema, a diretora e os produtores asseguraram um didatismo que pode incomodar os que esperavam maior ousadia.
A ambição de construir uma narrativa com apelo tão abrangente é admirável e o rico design de produção, banhado de rosa, se torna um parque de diversões para o filme explorar múltiplas possibilidades cômicas desse universo e tecer comentários afiados sobre gêneros. Essa opção pelas piadas ininterruptas inevitavelmente faz de Barbie praticamente uma sucessão de memes, o que não vira um problema em absoluto visto que a existência do filme por si só já uma grande brincadeira.
Inegável que a sátira está submissa aos limites da própria Mattel, que se coloca num papel de ridículo e de autocrítica que é, em última instância, ilusório: a empresa, afinal, vailucrar intensamente a partir do longa. Mas isso não é exclusividade de Barbie e, sim, a lógica de qualquer projeto de grande estúdio.
O bonito é notar como a visão de Gerwig, experiente em tramas de amadurecimento feminino e construções delicadas de afeto, consegue esticar esses limites e oferecer uma experiência subversiva e surpreendente a seu modo, questionando a importância e influência de que uma boneca é capaz e sua adequação/inadequação ao tempo. Por detrás dessa deliberada plasticidade, o filme revela sentimentos humanos dos mais puros e singelos sobre sentir-se cada vez mais viva – e celebra com colorido e diversidade as infinitas escolhas que meninas e mulheres podem fazer sobre elas mesmas.
Fonte:diariodepernambuco.com.br
"
["author"]=>
string(13) "André Guerra"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(606081)
["filename"]=>
string(15) "barbietrans.jpg"
["size"]=>
string(6) "345324"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(52) "politicaa/iissportes/mmarquivo/iinternas/eixportess/"
}
["image_caption"]=>
string(34) " Foto: Warner Bros / Divulgação"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(0) ""
["author_slug"]=>
string(12) "andre-guerra"
["views"]=>
int(215)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(57) "barbie-filme-questiona-legado-da-boneca-atraves-da-satira"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(465)
["name"]=>
string(6) "Cinema"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(6) "cinema"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(465)
["name"]=>
string(6) "Cinema"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(6) "cinema"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2023-07-22 23:01:19.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2023-07-22 23:01:19.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2023-07-22T23:00:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(67) "politicaa/iissportes/mmarquivo/iinternas/eixportess/barbietrans.jpg"
}
CRÍTICA
Um dos muitos fenômenos curiosos com relação ao lançamento de Barbie, já em cartaz, é o fato de o longa ter se transformado em um dos maiores acontecimentos cinematográficos recentes no mesmo momento de culminação da crise em Hollywood, com a greve dos atores e roteiristas. Encurralada há anos devido ao avanço do streaming e ao desastre da pandemia, a indústria precisava de um filme-evento que mobilizasse o público para além de nichos e gerações. E, sim, ela achou.
Dirigido por Greta Gerwig em seu terceiro trabalho-solo (os anteriores foram Lady Bird e Adoráveis mulheres, multi-indicados ao Oscar) e estrelado/produzido por Margot Robbie – em mais uma
atuação formidável –, Barbie demorou cerca de 14 anos para ganhar vida, passando por troca de estúdios e incertezas sobre a abordagem. Sua cara, no entanto, é a mais contemporânea possível.
O simples fato da diretora e seu co-roteirista Noah Baumbach, ambos vindos do cinema independente autoral, estarem no comando criativo demonstra a tentativa da Mattel e da Warner de apresentar algo que pareça novo e ‘conceitual’ (parte de todo o fenômeno tem a ver também com a curiosidade sobre o enredo e o tratamento do conteúdo).
Robbie interpreta literalmente a ‘Barbie-padrão’, que mora em Barbielândia com as inúmeras outras Barbies (e Kens), e tem na sua casa dos sonhos uma vida interminavelmente perfeita. Tudo muda quando surgem em sua mente pensamentos de finitude, que contaminam cada coisade sua rotina ea forçam a buscar quem está brincando com ela no mundo real. Com a ajuda do Ken-padrão (Ryan Gosling), ela se depara com uma realidade oposta ao que sempre conheceu.
A título de registro, Barbie não é exatamente destinado ao público infantil. Ainda que, superficialmente, possua suficientes elementos para agradar crianças, boa parte de suas proposições e referências estão fora do alcance delas, sobretudo no tocante a papéis de gênero na sociedade patriarcal, contextos de criação de um produto industrial e o legado histórico da boneca na formação das meninas. Naturalmente ciente de que não há como evitar a ida em peso de vários pequenos ao cinema, a diretora e os produtores asseguraram um didatismo que pode incomodar os que esperavam maior ousadia.
A ambição de construir uma narrativa com apelo tão abrangente é admirável e o rico design de produção, banhado de rosa, se torna um parque de diversões para o filme explorar múltiplas possibilidades cômicas desse universo e tecer comentários afiados sobre gêneros. Essa opção pelas piadas ininterruptas inevitavelmente faz de Barbie praticamente uma sucessão de memes, o que não vira um problema em absoluto visto que a existência do filme por si só já uma grande brincadeira.
Inegável que a sátira está submissa aos limites da própria Mattel, que se coloca num papel de ridículo e de autocrítica que é, em última instância, ilusório: a empresa, afinal, vailucrar intensamente a partir do longa. Mas isso não é exclusividade de Barbie e, sim, a lógica de qualquer projeto de grande estúdio.
O bonito é notar como a visão de Gerwig, experiente em tramas de amadurecimento feminino e construções delicadas de afeto, consegue esticar esses limites e oferecer uma experiência subversiva e surpreendente a seu modo, questionando a importância e influência de que uma boneca é capaz e sua adequação/inadequação ao tempo. Por detrás dessa deliberada plasticidade, o filme revela sentimentos humanos dos mais puros e singelos sobre sentir-se cada vez mais viva – e celebra com colorido e diversidade as infinitas escolhas que meninas e mulheres podem fazer sobre elas mesmas.
Fonte:diariodepernambuco.com.br