Documentário mineiro foi exibido na Mostra Aurora e disputa Troféu Barroco

A noite dessa quarta-feira (23) foi de estreia mineira na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O documentário “A Rainha Nzinga Chegou”, de Junia Torres e Isabel Casimira, foi exibido no Cine-Tenda e recebeu muitos aplausos da plateia. O longa-metragem faz parte da Mostra Aurora e, ao lado de seis outros títulos, concorrem ao Troféu Barroco. Os filmes são avaliados pelo Júri da Crítica e o vencedor será anunciado no próximo sábado (26), no encerramento do festival.

Antes da apresentação do filme, até então inédito, Isabel Casimira não disfarçava sua ansiedade e felicidade por mostrar esse trabalho para o público. Após a exibição, Isabel era só sorrisos. “Achei maravilhoso, muita gente interessada em ver, em conhecer a nossa história”, falou. “Agora quero ver o retorno disso, porque quero fazer outro (filme). Gostei desse trem”.

Isabel queria muito retratar o funeral de sua mãe, que também chamava Isabel, filmada para o documentário, mas que morreu antes de ser filmada a segunda parte da obra.”Já tem muita coisa filmada e é muito importante mostrar o funeral de uma rainha para que as novas gerações saibam como se faz e também para homenagear o nosso povo”, disse.

“A Rainha Nzinga Chegou” conta a história da formação do Reinado 13 de Maio, fundado por Isabel, a mãe, e herdado pela filha. O documentário começa focado na mãe até sua morte e passa a mostrar a filha na busca de suas raízes e sua ancestralidade a partir de uma viagem ao Congo. Lá, ela conhece reinados e rituais e segue os passos da rainha Nzinga, importante figura na defesa do povo africano contra a colonização portuguesa.

Mais aplausos

Assim como o filme de Junia e Isabel, “Currais”, longa-metragem de David Aguiar e Sabina Colares, do Ceará, também foi muito aplaudido ao fim de sua exibição. O documentário ficcionado resgata um tema pouco conhecido pela maioria dos brasileiros, mas muito relevante para a história do país. Com ritmo de road movie, os diretores contam a triste realidade dos campos de concentração que foram criados no Ceará durante a grande seca que assolou a região em 1932.

Nesses chamados “currais”, a população era obrigada a trabalhar sem receber nada em troca a não ser um punhado de alimento que quase nunca chegava a esses flagelados, por causa de desvios de verba. Assim, esses currais enterravam diariamente seus mortos, adultos e crianças, vítimas da fome e de doenças causadas pelo modo precário de vida.

“Não conhecia essa história e fiquei muito impressionada”, falou a professora mineira Luiza Pontello, 56, que vive em Fortaleza, logo após a exibição. “É algo cruel e há um silência pesado em cima disso. É fundamental um país olhar para si mesmo, pois o Brasil não se conhece e a gente precisa se conhecer para criar uma identidade nacional.”

“Currais” faz parte da mostra competitiva Olhos Livres, cujos filmes são avaliados pelo Júri Jovem. O vencedor também será conhecido no dia 26.