Se por si só o desfile do Juventude Bronzeada é um ato político, o cortejo desta terça-feira (5) teve dose extra de ativismo. A concentração, na praça Zamenhoff, na Floresta, começou por volta das 9h, com a avenida Assis Chateaubriand tomada pela multidão.
No início do cortejo, às 10h, quem ainda não sabia pôde perceber o quanto o Juventude é politizado. Primeiro por ser um grande bloco sem nenhum tipo de patrocínio, "para não sermos reféns do dinheiro de patrocinadores", informou o grupo nas redes sociais.
Depois, pela fala marcante de Mariana Persi, uma das organizadoras do bloco, que lembrou das mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do jovem Pedro Henrique Gonzaga que, no último dia 14, foi assassinado pelo segurança de um supermercado no Rio de Janeiro.
“O que fez com que o Juventude quase não saísse esse ano foi o medo, com base nos episódios de intolerância que vimos despontar no último cortejo. Era o prenúncio do ódio que vimos crescer no último ano”, disse Persi, que classificou o período vivido no país como "tempos sombrios".
Após o ato político e a celebração do casamento de dois integrantes do bloco, o desfile saiu pela avenida em direção ao viaduto Santa Tereza. Por volta das 15h, a multidão já havia se dispersado no cruzamento da Assis Chateaubriand com a avenida Francisco Sales.
Multidão no Juventude Bronzeada
Problemas
Apesar de o público responder em peso, com euforia, às seguidas manifestações contra políticos, o racismo e o machismo, o desfile apresentou problemas. Devido ao som baixo no carro e na bateria, muita gente se dispersou antes da hora.
"Infelizmente não está dando pra ouvir, o sol está muito quente e está muito cheio. Prefiro ir embora", lamentou a aposentada Laurinda Carvalho, de 59 anos. Ela estava com as duas filhas, de 28 e 26 anos, que também abandonaram a festa antes do previsto. "O som deveria ser melhor", comentou uma delas.
No cruzamento da Francisco Sales, parte dos foliões passou a abandonar o bloco e se divertir nos bares, que ofereciam som alto e cerveja, além de comida. O ritmo era o mesmo que tocou no bloco: muito axé dos anos 80 e 90 e canções já tarimbadas do Carnaval belo-horizontino.
Mesmo com os problemas, os organizadores estavam despreocupados com o tamanho do público. "O importante é fazer a nossa festa de luta e manter nossa resistência", afirmou Mariana Persi.
Para a maioria do público, apesar dos problemas com o som, o bloco teve aprovação. "É muito bonito e tranquilo. Músicas variadas e pessoas harmoniosas. Indico para todos", destacou o professor Rodrigo Carvalho Cruz, de 38 anos.