Cidade mostra que tem potencial para exercer em plenitude o seu papel de centralidade e referência para todo o estado
Nunca se viu tantos mineiros do interior em Belo Horizonte como nos últimos dias. Jovens vindos de muitos lugares, embora a maioria fosse provavelmente de cidades mais próximas. Neste carnaval, como raras vezes antes (ou nunca), BH exerceu em plenitude sua condição de capital e maior referência todos os mineiros – os foliões, pelo menos. Pareceu menos acanhada, mais cosmopolita.
Minas são muitas. A frase de Guimarães Rosa se tornou um mantra entre os mineiros por constatar a pluralidade e diversidade do estado, com culturas regionais autônomas coexistindo em seu território. Não é lenda e sim uma realidade a concorrência de BH com várias ‘capitais’ alternativas, cidades de outras regiões ou mesmo de outros estados que se tornam referências para a população mineira, até mais importantes que a capital oficial.
Muitos moradores da Zona da Mata se identificam mais com times cariocas do que os três sediados em BH (Atlético, Cruzeiro e América). Os triangulinos têm mais relações com a capital paulista do que a mineira. E por aí vai.
Talvez pelas dificuldades de exercer centralidade em meio às várias Minas existentes no estado, BH cresceu com complexo de inferioridade. Virou uma grande cidade provinciana. Ou uma roça iluminada pela Cemig, como dizem jocosamente alguns.
O carnaval mostrou que BH consegue superar seus complexos históricos e tem muito, muito potencial. É uma grande capital, capaz de exercer em plenitude o seu papel de centralidade e referência para todo o estado, todas as distintas Minas.