SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Neste sábado (18) começa oficialmente o Carnaval. Com aglomerações nas ruas e foliões distraídos pelo consumo de álcool, aumentam as preocupações com golpes. Os mais comuns envolvem cartão de crédito e débito, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Golpistas disfarçados de vendedores ambulantes podem trocar cartões, as maquininhas usadas nas transações podem estar infectadas por programas maliciosos e até a tecnologia de pagamento por aproximação, considerada mais segura, pode ser utilizada por gatunos para extraviar dinheiro.

A Folha de S.Paulo ouviu especialistas que explicaram os golpes mais comuns na festa mais popular do Brasil, deram dicas para evitá-los e instruções para possíveis vítimas.

TROCA DE CARTÕES

O estelionatário aproveita a distração do cliente para observar a senha digitada. Já ciente da senha, o falso comerciante troca o cartão e devolve outro muito parecido. Sem perceber, o folião entrega tudo ao estelionatário.

"Muitas vezes, o golpista também usa algum truque e desvia a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra", diz o diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da entidade, Adriano Volpini. Assim, o bandido descobre o código secreto. O campo de senha deve mostrar apenas asteriscos.

Para evitar esse golpe, recomenda-se:

O cliente deve ser a única pessoa a manusear o cartão Verifique os valores informados no comprovante e se o cartão devolvido é o correto Alerte-se caso os números da sua senha apareçam na tela da maquininha após a digitação

Nunca empreste o cartão

Não utilizar máquina com o visor quebrado ou que não permita a leitura dos dados

O estelionatário também pode, simplesmente, cobrar um valor acima do acordado.

Sempre confirme a quantia no visor da máquina.

Memorize a senha, que deve ser única, e não guarde-a junto do cartão. Também não anote a sequência-chave em aplicativos no celular, no bloco de notas ou em trocas de mensagens ou emails.

GOLPE DA APROXIMAÇÃO

Criminosos também podem aproveitar o tumulto no bloquinho para aproximar maquininhas de mochilas ou bolsos para tentar ativar cartões de crédito com tecnologia sem contato, que permite pagamento sem senha.

Os pagamentos por essa tecnologia, entretanto, são menos suscetíveis a fraude, por gerar um dígito único, válido apenas em uma operação, segundo André Carneiro, diretor da multinacional de segurança da informação Sophos.

Para evitar problemas com essa modalidade de pagamento, é indicado:


-Limitar o valor máximo para pagamentos sem senha no aplicativo do banco
- Ainda via internet banking, é possível desativar a opção de pagamento por aproximação
- Não deixe o cartão solto em bolsos ou bolsas
- Compre uma mochila ou carteira que bloqueia o sinal NFC, responsável pela comunicação com a maquininha

GOLPE DA MAQUININHA

Quadrilhas brasileiras são referência global em burlar a segurança de máquinas de cartão.

Uma delas foi a primeira do mundo a conseguir bloquear pagamentos por aproximação, para induzir a operação com inserção do chip, o que permite a aplicação do golpe conhecido como compra fantasma.

Esse esquema simula erros, a partir de um vírus, em máquinas de cartão para duplicar transações e, sem que lojista ou cliente percebam, realizar uma segunda cobrança ao cliente, de mesmo valor, mas direcionada à conta do golpista.

Para infectar os aparelhos de cobrança, os cibercriminosos entram em contato com donos dos pontos de venda, por telefone ou até com telegramas, passando-se por funcionários das empresas de maquininhas ou bandeiras de cartão.

Segundo o professor de Direito do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Bruno Boris, o consumidor prejudicado por essa fraude pode acionar a Justiça contra o comerciante ou contra a empresa da maquininha.

Para se prevenir:

INSTRUÇÕES PARA VÍTIMAS

Caso o crime tenha se consumado, resta à vítima informar o extravio ou a fraude às instituições bancárias e autoridades e registrar boletim de ocorrência. Para isso, sempre tenha em mãos uma relação de números de telefone para urgências.

De acordo com Boris, quanto mais tempo a vítima demora para notificar os prejuízos, maior o risco de danos e menor a chance de reaver o estrago financeiro.