Cirurgião geral desde 1956, o médico realiza trabalhos filantrópicos há mais de 60 anos e defende que todos os pacientes tenham um tratamento digno e bem realizado, principalmente os mais necessitados
A saúde é direito básico de todo cidadão, garantido pela Constituição Federal. Com esse pensamento em mente, o cirurgião geral Alcino Lázaro da Silva tenta assegurar, desde 1956 – ano da sua formação em medicina – que todos os pacientes tenham um tratamento digno e bem realizado, principalmente os mais necessitados. Presidente da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia (Fupec), o médico atua com atividades filantrópicas desde o início da carreira. Entre os trabalhos desenvolvidos, está a fundação da própria Fupec, cujo objetivo é prestar assistência, dar apoio a pesquisas e oferecer o aprimoramento a profissionais da cirurgia geral com reuniões, formações e experimentos científicos. Além disso, o Alcino ajudou a criar a enfermaria do Hospital Cristiano Machado, em Sabará, onde realiza cerca de 90 cirurgias por mês a quem não tem condições de pagar.
O que um cirurgião geral faz?
Ele lida com várias condições que afetam qualquer área do corpo. O cirurgião é o responsável pelas intervenções cirúrgicas realizadas em pacientes que sofreram acidentes ou são vítimas de doenças, que necessitam de um tratamento mais invasivo.
Qual é a importância dessa especialidade médica?
Ele (cirurgião geral) pode dar um atendimento ágil, ajudando a diminuir as filas. Entre 70% e 80% das pessoas que entram no hospital são pacientes cujos problemas são de fácil solução, que podem ser resolvidos pelo cirurgião geral de maneira rotineira e segura. Esses pacientes precisam ser tratados por um profissional que tenha uma visão geral da situação, que os veja por inteiro, que não sejam descaracterizados sob o ponto de vista sócio-econômico.
Esse, então, foi um dos motivos para o surgimento do trabalho filantrópico?
Sim. O médico deve servir a todos, mas também aos que mais precisam. Atender a população com uma saúde de qualidade sempre foi o meu maior desejo. Desde quando me tornei médico, busquei opções para conseguir transformar isso em realidade.
Como é o trabalho realizado pela Fupec no Hospital Cristiano Machado?
O hospital foi criado para abrigar pacientes com hanseníase, que eram abandonados pelos familiares. Com a mudança do sistema de saúde anos atrás, não era mais necessária essa ação. Por causa disso, o espaço ficou praticamente sem uso. Tive, então, a ideia de usá-lo. Em 2010, criamos uma enfermaria para pacientes com sequelas crônicas, vítimas de violência e também aqueles que não podem se locomover, com 90 cirurgias por mês em média. Nosso objetivo é que a Fupec tenha o foco em atividades de cirurgia geral, com pesquisas e experiências. Nossas prioridades são resolver os problemas dos pacientes, especialmente daqueles que não têm condições financeiras e/ou foram abandonados e vivem à própria sorte. Gostaria de ressaltar que esse é um trabalho feito em parceria com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
A enfermaria foi o primeiro passo dado, mas há outros projetos para serem desenvolvidos pela Fupec?
Sim. O próximo passo que gostaríamos de colocar em prática é a criação de um Centro de Tratamento Intensivo (CTI) no mesmo hospital para cuidar dos pacientes considerados casos graves, ou que acabaram de sair de uma cirurgia e precisam de monitoramento constante. Nosso planejamento inclui, ainda, a instalação de dez leitos hospitalares para receber pessoas de Sabará, Belo Horizonte e outras cidades vizinhas. Queremos também criar um centro experimental de cirurgia geral, onde acadêmicos de medicina e médicos já graduados, que pretendam desenvolver pesquisas experimentais e precisam recorrer a instituições - que muitas vezes, não têm mais vagas ou estrutura para receber todos – exceto quanto a medicamentos. O centro experimental vai trazer qualidade à especialidade da cirurgia geral, porque dará a oportunidade dos seus membros participarem de opiniões experimentadas e vivenciadas. E, não menos importante, ainda é um desejo nosso a instalação de uma hotelaria hospitalar, cujo objetivo é qualificar o recebimento dos responsáveis pelos pacientes, tranquilizando os familiares que ficarão hospedados ali.
Nesse caso, quais são os maiores desafios?
Tudo o que fazemos e queremos fazer sempre vai ser por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das maiores dificuldades que temos é descobrir como aumentar as chances do SUS nos enviar mais pacientes, mas estamos tentando. Temos o apoio da prefeitura de Sabará e da Fhemig. O nosso hospital, muito diferente da realidade dos outros hospitais do Brasil, funciona e tem vaga. O paciente não precisa esperar pelo atendimento. Queremos continuar prestando um serviço de qualidade, no qual todos são bem tratados, sem nenhum tipo de problema.
Projetos. “O próximo passo que gostaríamos de colocar em prática é a criação de um centro de tratamento de terapia intensiva (CTI) no mesmo hospital para cuidar dos pacientes considerados casos graves, ou que acabaram de saíra de uma cirurgia e precisam de monitoramento constante. Nosso planejamento inclui, ainda, a instalação de dez leitos hospitalares”, afirma o cirurgião geral Alcino Lázaro da Silva.