Ousado, projeto que desenvolveu comprimido ainda depende de testes; para especialistas, o ideal mesmo é apostar na modernização das atividades com apps

Assim como as dietas e a indústria farmacêutica, os exercícios nas academias se renovam a cada estação. Parte importante desse arsenal terapêutico – que, aliado à alimentação saudável, tenta frear a epidemia da obesidade –, o mundo fitness desenvolve alternativas cada vez mais tecnológicas e futuristas.

Um das apostas mais ousadas é a possibilidade de se chegar a uma pílula que seja capaz de substituir a atividade física. Pensada especialmente para idosos e pessoas com limitações à prática de exercício, a medicação está sendo desenvolvida por cientistas norte-americanos, comandado pelo biólogo especialista em hormônios Ronald Evans, do Instituto Salk, em San Diego, na Califórnia.

De acordo com os últimos estudos, mais do que substituir o exercício regular no caso de quem leva uma vida sedentária, a substância pode ainda melhorar o desempenho de quem já se exercita. O trabalho começou a partir de descobertas anteriores, de que a ativação de um gene chamado PPAR delta transformou camundongos em corredores de longa distância resistentes ao ganho de peso e altamente responsivos à insulina – todas qualidades associadas à aptidão física. Eles desenvolveram então um composto químico chamado GW e o aplicaram, em doses elevadas, por oito semanas, em ratinhos sedentários. O composto ativou o PPAR nesses animais, garantindo a eles desempenho de atletas nos testes.

Embora a “pílula do exercício” pareça revolucionária e assunto de ficção científica, estudos complementares em relação a todos os efeitos colaterais ainda são necessários. De acordo com o professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e membro do conselho de ética do Conselho Regional de Educação Física em Minas Gerais (Cref-MG) Albená Nunes, os pesquisadores acreditam ser extremamente difícil sintetizar todas as moléculas que geram ganhos pela ginástica e colocá-las em uma única cápsula. “Acreditamos que a população deva continuar se exercitando e buscando todos os benefícios do exercício físico nas práticas corporais que mais lhes agradam”, afirma.

Para Nunes, a atividade física do futuro será regida por aplicativos, interações com computadores e internet. “A tentativa de renovação é uma necessidade do mercado fitness. É muito difícil uma única modalidade que continue motivando pessoas por anos e anos. O mercado exige novas abordagens, novas formas, novas possibilidades”, diz.

Por isso, novos aparelhos e modalidades de exercícios físicos sempre são lançados. Entre as novidades estão aqueles que permitem que todo o corpo se movimente ao mesmo tempo, de forma que a atividade dure menos tempo, gastando mais calorias. Uma das opções é o V12, equipamento de origem alemã, com 0% de impacto, que possibilita três dimensões de movimentos e mais de mil variações de exercícios. Segundo a fisioterapeuta Magda Rocha, é possível trabalhar força, resistência, flexibilidade, agilidade e coordenação ao mesmo tempo. “É uma tendência. Estamos saindo da era do ‘pesinho’ no tornozelo para fortalecer a coxa e indo para um aparelho que trabalha o corpo todo, da cabeça aos pés”, afirma.

Sem fundamento

Cuidado. É preciso ter cuidado com promessas que se espalham via internet, sem fundamentação teórica e evidências científicas que justifiquem e sustentem sua utilização, como a pulseira do equilíbrio, segundo Albená Nunes.

Meio pista de skate meio barco viking

Divertido e desafiador. A força motriz que faz o V12 funcionar são os músculos do próprio aluno, que trabalham as posições em diversos planos. A frequência cardíaca fica acelerada em poucos minutos. O equipamento, inclusive, é sustentável: não gasta energia elétrica. “A contraindicação é relativa. A pessoa deve passar por avaliação médica para ver se está apta a fazer o esforço no aparelho”, explica a fisioterapeuta Magda Rocha. A mensalidade, com duas aulas por semana, custa R$ 150.

Maquinário turbina o trabalho

Eletrofitness. Nessa atividade, os alunos vestem uma roupa repleta de eletrodos, que, ao darem “choquinhos”, fazem o trabalho de estímulos semelhantes aos provocados pela musculação. Em 20 minutos, 350 músculos se contraem ao mesmo tempo, o equivalente a três horas de treinamento convencional. O gasto calórico pode ultrapassar 500 calorias por aula. O método auxilia no emagrecimento, na redução de gordura corporal, na hipertrofia muscular e no combate à celulite. A aula avulsa custa R$ 95, e o pacote mensal, R$ 360.

Treinamento funcional tridimensional

Movimentos naturais. Pensar o corpo em seus três diferentes eixos (frente e trás, direita e esquerda e em volta do próprio corpo) é o mote dessa atividade física. O impacto do exercício vai ser controlado pelo treinador de acordo com cada aluno. No entanto, pessoas com labirintite ou alguma sensibilidade a rotações e giros devem evitar essa modalidade. As aulas, realizadas pelo menos duas vezes por semana, podem durar de 25 minutos a uma hora, e o gasto calórico costuma superar 500 calorias.