Defesa Civil confirmou sete ocorrências na cidade, sendo elas relacionadas a alagamentos e riscos de desabamentos

A vassoura de piaçava, comumente utilizada para retirar a poeira da casa nos dias quentes, é utilizada para outros fins em dias de chuva no Centro de Fortaleza; ela funciona como um rodo na intenção de dar chão ao piso enlameado e alagado da região. Na Rua Pedro I, comerciários convivem com o problema do alagamento há pelo menos 30 anos - dois quais Herivaldo Matos trabalha há pelo menos sete no local.

Quando fincou espaço no cruzamento com a Rua Major Facundo, o dono da banca do Herivaldo já teve prejuízo de até R$ 3 mil em decorrência da chuva. "Nunca vi nenhuma melhoria porque aqui é declive e não melhora", afirma, lembrando dos momentos nos quais a água foi responsável pela perda de várias revistas expostas na venda.

De acordo com o comerciário, apesar da chuva, o sábado está positivo, pois não causou tantos transtornos para o seu ponto. "A água sobe até parte da banca, hoje tá é bom", aponta para as marcas de lodo das últimas chuvas ocorridas no local.

Por causa das poças de água que rodeiam a banca do Herivaldo, os transeuntes - e possíveis compradores - optam por molhar menos os calçados e as pernas ao passar pelo lado oposto da rua. "Quem passa por aqui? Se estivesse normal, tinha movimento, o pessoal vinha, mas chovendo, ninguém passa, não".

Maior precipitação

A maior precipitação registrada na Capital em 2018 começou no início desta sexta (16) e se estende até a manhã deste sábado (17). Informações da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apontam que choveu cerca de 75 mm só em Fortaleza, além de atingir mais de 80 municípios no Estado.

De acordo com a Defesa Civil de Fortaleza, houve a confirmação de sete ocorrências na cidade em consequência da chuva. Duas delas foram relacionadas a alagamentos e as demais a risco de desabamento. A Regional II foi a que mais recebeu ocorrências: quatro no total. A Regional V e a Regional VI também foram verificadas com alguns pontos de problema, de acordo com o órgão municipal.

Para o vendedor Alex Abreu, que também atua nas ruas centrais, é impossível negar que a chuva interfere na rotina de qualquer cidade grande. "Todo cidadão que anda pelo Centro deveria procurar os órgãos públicos para eles identificarem os pontos alagados e melhorar as passagens de pedestres e veículos", opina.

De acordo com o comerciário, apesar de ser uma "coisa de Deus", a chuva traz problemas para as pessoas que não possuem estrutura mínima de vida e trabalho ao redor. "É até perigoso, pois pode ter bueiro e, às vezes, o cidadão não o vê e cai", pontua.

Chuva e lixo

Distante dali, no bairro Pio XII, a população precisa conviver com uma obra inacabada do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) que, durante a chuva, transforma os buracos por onde o trabalho vem sendo executado e os transforma em grandes piscinas marrons.

chuva

Em razão do acúmulo de lixo, a chuva eleva os sacos e faz com que os moradores da região tenham de conviver com maior presença de moscas, piorando a situação já rotineira. "Essas obras ficam alagadas e causam muito transtorno porque a minha casa é comida de mosca por causa das águas empoçadas e do lixo", afirma a cabeleireira Raquel Brígido.

Segundo ela, quando chove, a situação fica "um caos". "Eu espero que as autoridades tomem uma providência porque só quem tá saindo no prejuízo somos nós", considera.

Fonte:http://diariodonordeste.verdesmares.com.br