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Especialistas consideraram "estarrecedora" a devastação da Amazônia Legal brasileira, conforme levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado ontem, que deveria ter vindo à tona 26 dias antes da realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, que se encerrou no último dia 13. A taxa de desmatamento atingiu 13.235 km² nos 12 meses entre agosto de 2020 e julho de 2021, o pior resultado desde 2006.
De acordo com nota divulgada pelo sindicato dos servidores da área de Ciência e Tecnologia, o governo e a direção do Inpe teriam conhecimento dos dados desde meados de outubro, mas só na última quinta-feira houve aval para publicação. Questionado sobre a diferença das datas, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou que só teve contato com os dados no mesmo dia em que vieram à tona.
Além da crítica à suposta manipulação da data de publicação da informação - se tivesse sido divulgada antes da COP26, os ataques à política ambiental do presidente Jair Bolsonaro seriam ainda mais duras -, entidades ambientais nacionais e internacionais lembraram o descompromisso do atual governo federal com a preservação ambiental. O Greenpeace Brasil afirmou que a área desmatada da Amazônia "equivale a 11 vezes a extensão da cidade do Rio de Janeiro".
Já o WWF-Brasil questiona as iniciativas de Bolsonaro e sua equipe. "Os dados do Inpe mostram a consolidação de três anos consecutivos, nos quais a destruição da floresta saltou dos patamares em torno de 6-7 mil km²/ano, registrados a partir de 2016, para uma preocupante estabilidade acima de 10 mil km². Esse é o Brasil real que o governo Bolsonaro tenta esconder", publicou a entidade no Twitter.
O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, André Guimarães, avalia que são gravíssimos os resultados trazidos à tona pelo Inpe. "São estarrecedores. Não dá para a gente brigar com os números. Nós estamos degenerando a floresta. A gente está na contramão desse processo e isso é negativo para investimentos e para o mercado. Estamos degradando nossa reputação para mercados e setores e países que investem no Brasil", salientou.
Duplo escândalo
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva classificou como "duplo escândalo" a divulgação de dados sobre o desmatamento na Amazônia após a realização da COP26. "Na divulgação dos dados acumulados do desmatamento, pelo Inpe, temos um duplo escândalo: 13.235 km² de floresta destruída e também o fato de que tal dado foi escondido pelo ministro Joaquim Leite, enquanto acontecia a COP26", criticou Marina, em publicação no Twitter.
Segundo informações de bastidores do Ministério Público Federal colhidas pelo Correio, existe a possibilidade de que a possível ocultação dos dados sobre a Amazônia torne-se alvo de investigação do MPF. Já existem movimentações para que o episódio seja levado à Câmara Ambiental do órgão. As apurações podem, também, ensejar a uma ação - com base nos dados divulgados pelo Inpe - cobrando do governo ações concretas para frear a devastação da Amazônia Legal.
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Especialistas consideraram "estarrecedora" a devastação da Amazônia Legal brasileira, conforme levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado ontem, que deveria ter vindo à tona 26 dias antes da realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, que se encerrou no último dia 13. A taxa de desmatamento atingiu 13.235 km² nos 12 meses entre agosto de 2020 e julho de 2021, o pior resultado desde 2006.
De acordo com nota divulgada pelo sindicato dos servidores da área de Ciência e Tecnologia, o governo e a direção do Inpe teriam conhecimento dos dados desde meados de outubro, mas só na última quinta-feira houve aval para publicação. Questionado sobre a diferença das datas, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou que só teve contato com os dados no mesmo dia em que vieram à tona.
Além da crítica à suposta manipulação da data de publicação da informação - se tivesse sido divulgada antes da COP26, os ataques à política ambiental do presidente Jair Bolsonaro seriam ainda mais duras -, entidades ambientais nacionais e internacionais lembraram o descompromisso do atual governo federal com a preservação ambiental. O Greenpeace Brasil afirmou que a área desmatada da Amazônia "equivale a 11 vezes a extensão da cidade do Rio de Janeiro".
Já o WWF-Brasil questiona as iniciativas de Bolsonaro e sua equipe. "Os dados do Inpe mostram a consolidação de três anos consecutivos, nos quais a destruição da floresta saltou dos patamares em torno de 6-7 mil km²/ano, registrados a partir de 2016, para uma preocupante estabilidade acima de 10 mil km². Esse é o Brasil real que o governo Bolsonaro tenta esconder", publicou a entidade no Twitter.
O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, André Guimarães, avalia que são gravíssimos os resultados trazidos à tona pelo Inpe. "São estarrecedores. Não dá para a gente brigar com os números. Nós estamos degenerando a floresta. A gente está na contramão desse processo e isso é negativo para investimentos e para o mercado. Estamos degradando nossa reputação para mercados e setores e países que investem no Brasil", salientou.
Duplo escândalo
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva classificou como "duplo escândalo" a divulgação de dados sobre o desmatamento na Amazônia após a realização da COP26. "Na divulgação dos dados acumulados do desmatamento, pelo Inpe, temos um duplo escândalo: 13.235 km² de floresta destruída e também o fato de que tal dado foi escondido pelo ministro Joaquim Leite, enquanto acontecia a COP26", criticou Marina, em publicação no Twitter.
Segundo informações de bastidores do Ministério Público Federal colhidas pelo Correio, existe a possibilidade de que a possível ocultação dos dados sobre a Amazônia torne-se alvo de investigação do MPF. Já existem movimentações para que o episódio seja levado à Câmara Ambiental do órgão. As apurações podem, também, ensejar a uma ação - com base nos dados divulgados pelo Inpe - cobrando do governo ações concretas para frear a devastação da Amazônia Legal.