IGREJA


A Igreja Católica deu mais um passo para a santificação de um jovem italiano conhecido como o “padroeiro da internet”. Carlo Acutis, morto em 2006, aos 15 anos, em decorrência de complicações de uma leucemia, foi beatificado ontem, em Assis, no centro da Itália. A beatificação era uma das cerimônias mais esperadas deste ano pelos católicos. Em função da pandemia, a Basílica de São Francisco abrigou poucas centenas de fiéis, mas a missa foi acompanhada ao vivo em telões instalados fora da igreja e exibida por streaming.


A beatificação é uma das etapas para se tornar um santo, para o qual são necessários dois milagres. Carlos Acutis foi beatificado em razão de um milagre que aconteceu no Brasil, em 2013. Uma criança com problemas no pâncreas teria se curado depois de tocar em uma roupa que pertenceu ao jovem italiano exposta, até hoje, em uma paróquia de Campo Grande. O Vaticano autorizou a abertura do processo de beatificação, e o jovem italiano foi declarado “venerável” em 2018. Ontem, tornou-se o beato.


O primeiro “influencer” em questões religiosas a chegar aos altares é admirado pelo papa Francisco, que o considera um exemplo para as novas gerações. “É verdade que o mundo digital pode expô-lo ao risco do retraimento, do isolamento ou do prazer vazio. Mas não podemos esquecer que, nesse ambiente, há jovens que também são criativos e, às vezes, brilhantes”, escreveu o pontífice.


Acutis levou a vida como boa parte dos jovens europeus da classe média: gostava de jogar futebol, videogame e sorvete, segundo o Vaticano. Também dedicava boa parte de seu tempo ao catecismo virtual e à criação de redes cibernéticas para conectar mais de 10 mil paróquias. “Todos os homens nascem originais, mas muitos morrem como fotocópias, não deixem isso acontecer com vocês”, recomendou à sua geração.


Seus escritos on-line, com conteúdo religioso e uma e uma linguagem jovial, inspiraram o papa argentino que, em um texto, exortou os jovens a evitar considerar Deus como “um disco rígido”. Em entrevista ao site do Vaticano, a mãe do jovem, Antonia Salzano, contou que, “com um computador relativamente obsoleto, ele conseguiu alcançar milhares de pessoas em todos os continentes”.


Túmulo impressiona


Carlo Acutis morreu em Monza (região de Milão) em 12 de outubro de 2006. Seus restos mortais foram transferidos, no ano passado, para Assis. Agora, a data da morte do jovem católico passa a ser a da sua celebração.


A basílica abriu, no último dia 1º, o túmulo em que o agora beato está sepultado. O bom estado de conservação do corpo impressiona. Segundo o Vaticano, os restos mortais do jovem foram “recompostos”, e o corpo não está 100% intacto. Nas imagens divulgadas, Carlos Acutis está de calça jeans, moletom e tênis — destoante do padrão tradicional dos altares católicos. Seu corpo ficará exposto até o próximo dia 17.