Para Alberto Cardoso, ex-ministro do GSI, permitir o comércio de drogas com “cautela” irá tirar lucratividade do negócio e inibir o mercado ilícito

O general da reserva do Exército, Alberto Mendes Cardoso, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da presidência da República, defende a legalização das drogas após uma forte campanha educativa e com data marcada para ter início em 2034. “Até lá, poderemos ter uma juventude mais bem informada sobre todos os tipos de drogas que são consumidas no Brasil. É importante que os jovens tomem conhecimento dos efeitos negativos que as drogas provocam nas vidas das pessoas”, afirmou o general.

Para Alberto Cardoso, o governo deve desenvolver uma campanha mais efetiva sobre os crimes que estão relacionados com o tráfico de drogas. O comércio ilegal de entorpecentes é o maior responsável por várias ações das organizações criminosas, que comandam um grande mercado, que fatura cerca de R$ 17 bilhões por ano no Brasil. Essa grande soma de dinheiro torna esta atividade ilícita uma das mais rentáveis para os criminosos que agem no estado brasileiro.

“Uma das ações estratégicas para combater esse conglomerado do crime, que lucra com o tráfico de drogas, é procurar desestimular o comércio ilegal através de um sistema de inteligência das forças de segurança, que atinja o poder econômico dessas organizações criminosas. Existe uma grande quantidade de pessoas envolvidas no tráfico e que não deseja que este comércio seja legalizado. A lucratividade dessas pessoas está relacionada com a ilegalidade desta atividade criminosa”, disse o general Alberto Cardoso em palestra de abertura do 14º Enecob (Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros), realizado em Brasília sob o comando do jornalista Leandro Mazinni.

Existe hoje no Brasil uma grande relação do mercado ilegal de drogas com a violência urbana. O general Alberto Cardoso defende que o estado brasileiro conte com o apoio das famílias, das religiões, das escolas e da mídia, além do apoio das empresas, para que os jovens tenham oportunidade no mercado de trabalho. Hoje muitos jovens são cooptados pelas organizações criminosas para se tornarem membros das facções que agem nas principais capitais brasileiras.

Permitir o comércio de drogas é necessário, mas é preciso ter muita cautela, diz o general. O primeiro passo é ir com cuidado, porque a medida é irreversível, acrescenta.

“É preciso municipalizar a prevenção no combate ao tráfico de drogas através da mudança de mentalidade dos gestores públicos. 80 a 90% dos crimes violentos no Brasil tem relação direta com o narcotráfico. Há um grande consumo interno na nossa sociedade, o que faz deste tipo de atividade ilícita ser uma das mais atraentes para os criminosos, que lucram bilhões de reais por ano”, concluiu o general Alberto Cardoso.

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