DISCUSSÃO NAS REDES

O youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicou, na última quarta-feira (6/8), um vídeo de 50 minutos abordando a adultização e a sexualização de crianças e adolescentes. No conteúdo, ele acusa o influenciador paraibano Hytalo Santos de exploração de menores, usando como caso a influenciadora Kamyla Santos, de 17 anos.

A denúncia viralizou e, dois dias depois, as contas no Instagram de Hytalo e da influenciadora Kamyla Santos, de 17 anos, ficaram fora do ar no Brasil. De acordo com o Ministério Público da Paraíba (MPPB), desde 2024 já existe um inquérito criminal em andamento contra Hytalo por suspeita de exploração de menores, conduzido por promotores de Bayeux e João Pessoa. O órgão afirma que não solicitou a retirada dos perfis da rede social, mas confirmou que as investigações seguem ativas.

Quem é Felca?

Felipe Bressanim Pereira, de 27 anos, é natural de Londrina (PR). No YouTube, onde publica vídeos de humor, críticas e reacts, acumula mais de 4,3 milhões de inscritos; no Instagram, tem 6,5 milhões de seguidores. Ele também ganhou destaque comentando fenômenos da internet, como as lives NPC e as audiências da CPI das Bets.

O que Felca denuncia?

No vídeo, Felca aponta vários casos em que meninos e meninas são expostos de forma sexualizada na internet. O caso mais comentado por ele é o de Hytalo Santos. 

Felca diz que o paraibano expõe menores de idade de forma sexualizada e de criar um ambiente com situações inapropriadas para adolescentes, incluindo festas com consumo de bebidas alcoólicas. Entre os exemplos apresentados, o youtuber cita Kamyla Santos, hoje com 17 anos, que começou a aparecer nos conteúdos de Hytalo aos 12 anos. Segundo Felca, a jovem foi “adultizada” ao longo dos anos, com publicações e interações que, para ele, apelam sexualmente a parte do público — que incluiria homens adultos.

“Eu não estou falando de uma ou outra postagem isolada. Estou falando de um padrão de comportamento que acontece há anos, diante de milhões de seguidores, e que envolve crianças e adolescentes”, afirmou no vídeo.

Felca chamou o conjunto das práticas de “circo macabro” e disse que Hytalo teria lucros com publicidade, citando inclusive o jogo de apostas “Tigrinho”. “É dinheiro feito às custas da exposição de menores, e isso não é entretenimento, é exploração”, completou.

No vídeo, Felca conta que, para a produção do conteúdo, seguiu alguns perfis de pessoas citadas na denúncia e foi acusado de “curtir” publicações de menores. Ele negou má conduta, afirmou ter processado mais de 200 pessoas e garantiu que todo o valor obtido em indenizações será doado para instituições de caridade.

Para encerrar os processos, Felca pede que os acusados façam uma doação de R$ 250 às entidades indicadas por ele e publiquem um pedido de desculpas nas redes sociais.

Quem é Hytalo Santos? 

Natural de Cajazeiras (PB), Hytalo tem mais de 12 milhões de seguidores no Instagram e mais de 5 milhões no YouTube. Conhecido por criar conteúdos em grupo, reúne jovens e adolescentes em uma casa — a chamada “Turma do Hytalo” —, onde grava dancinhas, brincadeiras e interações que lembram reality shows. Ele chama as meninas de “filhas” e os meninos de “genros”.

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A situação de Kamyla Santos
Kamyla tinha cerca de 11 milhões de seguidores no Instagram antes de ter a conta suspensa. Ela foi emancipada aos 16 anos e ganhou ainda mais visibilidade depois de viralizar a notícia de que ela estava grávida do irmão de Hytalo no início de 2025, mas perdeu o bebê.

Ela começou a fazer conteúdos com Hytalo quando tinha 12 anos. Felca afirma que ela é explorada pelo influenciador para gerar engajamento, inclusive com gravações que mostram contato físico sugestivo entre menores de idade.

Repercussão

Na quinta-feira (7), as contas de Hytalo e Kamyla no Instagram ficaram fora do ar no Brasil. Internautas atribuíram a retirada a uma decisão judicial, mas Hytalo afirmou que foi resultado de uma falha técnica e que já acionou advogados para recuperar os perfis. Kamyla não se manifestou.

Crianças passaram mal recentemente depois de comerem balas que tinham maconha entre os ingredientes, na Holanda A Autoridade de Segurança Alimentar e dos Produtos de Consumo (NVWA) informou que o problema ocorreu, a princípio, em 3 sacos do doce, mas, por precaução, retirou todos os produtos de circulação.Divulgação Autoridade de Saúde da Holanda

A Haribo é uma marca popular de doces, com alcance internacional, e afirmou que está colaborando com as autoridades para descobrir como a cannabis foi parar nos doces. Fundada em 1920 na Alemanha, é a primeira a fabricar balas de goma. "A segurança dos consumidores é nossa prioridade máxima, e a empresa leva esse incidente muito a sério", disse.

O uso recreativo da cannabis é aceito em alguns países (com limite de consumo) e proibido em outros. E o tema gera discussões permanentes pelo mundo. Mas, mesmo nos países onde existe permissão, há regras para a fabricação de produtos que contêm a droga.freepik fxquadro

Na Holanda, a posse de até 5 gramas de maconha é tolerada para adultos maiores de 18 anos. A venda de até 5 gramas de maconha por pessoa por dia em coffeeshops é permitida, mas com diversas restrições.Imagem de user32212 por Pixabay

A política de tolerância para a cannabis na Holanda existe desde 1976. Já há um debate em curso sobre a legalização e regulamentação completa da cannabis no país. Conheça lugares onde o uso da cannabis é permitido seguindo normas da lei.Imagem de djedj por Pixabay

Alemanha: No início de 2024, o parlamento aprovou a legalização parcial da maconha no país para maiores de 18 anos. A posse de até 25 gramas passou a ser permitida em locais públicos, enquanto dentro das residências o limite é de 50 gramas.GAD-BM por Pixabay

Malta: Em dezembro de 2021, Malta se tornou o primeiro país da União Europeia a legalizar o cultivo e consumo de maconha em espaços privados.Nick Fewings Unsplash

A nova lei permite que as pessoas tenham até sete gramas de cannabis e cultivem até quatro plantas. No entanto, fumar em público ou na presença de menores ainda é proibido.Elsa Olofsson Unsplash

Uruguai: Em dezembro de 2013, o Uruguai se tornou a primeira nação do mundo a autorizar o cultivo, distribuição e consumo da maconha.Alissa De Leva por Pixabay

Desde então, passou a ser permitido cultivar a planta dentro de casa para uso pessoal, fazer parte de um clube ou comprar em uma farmácia.Rex Medlen pixabay

México: o poder judiciário tornou legal o uso recreativo da maconha em junho de 2021 e facilitou as regras para posse em maio de 2022.ZENITH LR por Pixabay

Jamaica: Na Jamaica, embora a maconha ainda seja ilegal, desde 2015, a posse e a produção de pequenas porções foram descriminalizados.Chickenonline por Pixabay

Canadá: O primeiro país do G7 a legalizar a maconha para uso recreativo foi o Canadá, em outubro de 2018. A venda é organizada pelas províncias em lojas autorizadas, públicas ou privadas.7raysmarketing por Pixabay

Estados Unidos (alguns estados): a maconha é proibida pela lei federal, mas vários estados como Nova York, Califórnia e Colorado permitem o uso e a comercialização.Nicky por Pixabay

Luxemburgo: Outro país europeu que permite, desde 2023, o cultivo de maconha com um limite de quatro plantas por residência e o consumo em espaços privados é Luxemburgo.Wolfgang Claussen por Pixabay

Espanha: É permitido cultivar maconha para uso pessoal em espaços privados, mas vender e consumir em público são proibidos.Daniel Prado Unsplash

Tailândia: A Tailândia retirou a maconha da lista de drogas proibidas em junho de 2022, permitindo seu cultivo, consumo e comércio. Entretanto, o governo tentou voltar atrás em fevereiro de 2024, anunciando um projeto de lei para proibir novamente o uso recreativo da planta.freepik jcomp

Mas e no Brasil? Por aqui, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou, em junho de 2024, que 40 gramas de maconha são a quantidade que diferencia usuário de traficante.Agência Brasil

Mas os ministros ressaltaram: . "A determinação, vale frisar, não representa que o Supremo esteja legalizando ou liberando o uso de entorpecentes". Apenas tem efeito legal, já que acima dessa quantidade é considerado tráfico.freepik jcomp

Em 23 de março de 2024, o Datafolha divulgou uma pesquisa que mostra que 67% dos entrevistados são contra a descriminalização da maconha no Brasil.Julia Teichmann por Pixabay

Esse número aumentou em relação à pesquisa anterior, feita em setembro de 2023, quando 61% se opuseram à legalização. A pesquisa revelou que 31% dos brasileiros são a favor da descriminalização da maconha, uma queda em comparação aos 36% da pesquisa anterior.Elsa Olofsson Unsplash

A recusa à descriminalização aumentou em todas as faixas etárias, incluindo os mais jovens. Na faixa etária de 16 a 24 anos, a oposição à legalização aumentou de 46% para 55%. Entre pessoas de 25 a 34 anos, a rejeição cresceu de 56% para 65%.freepik jcomp

O Ministério Público da Paraíba informou que investiga Hytalo por exploração de menores desde 2024, em inquérito conduzido por dois promotores, de Bayeux e João Pessoa. Segundo o órgão, a suspensão das contas no Instagram não foi solicitada por eles, mas as apurações seguem em andamento.

A denúncia repercutiu entre políticos. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou apoio a Felca, dizendo que ele “mexeu no vespeiro”. Já a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) agradeceu pela apuração e afirmou que reforçou a denúncia junto à Polícia Federal, cobrando ações contra perfis “predadores” e responsabilização das plataformas.

Nas redes, hashtags sobre o caso dominaram os trending topics. Parte do público comemorou a suspensão das contas como forma de proteger menores, enquanto outros cobraram mais transparência do Instagram sobre os motivos da decisão.

O que diz a lei sobre pedofilia?

A pedofilia em si não é considerada crime, pois se enquadra como um quadro de psicopatologia. Por lei, são considerados crimes ou violências sexuais contra crianças e adolescentes abuso sexual, estupro, exploração sexual, exploração sexual no turismo, assédio sexual pela internet e pornografia infantil.

O que é estupro contra vulnerável?

O crime de estupro contra vulnerável está previsto no artigo 217-A do Código Penal Brasileiro. O texto veda a prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 anos, sob pena de reclusão de 8 a 15 anos.

O parágrafo 1º do mesmo artigo classifica também com vulnerável qualquer pessoa que não tenha o necessário discernimento para a prática do ato, devido a enfermidade ou deficiência mental, ou que por algum motivo não possa se defender.

Se da consulta resulta lesão corporal de natureza grave, a pena sobe para 10 a 20 anos de reclusão. E no caso de provocar a morte da vítima, a condenação salta de 12 a 30 anos de prisão.

Como denunciar?

Ligue 180 para ajudar vítimas de abusos
Em casos de emergência, ligue 190