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O Natal ainda parece estar distante, mas a crise internacional dos portos já tem impactado o planejamento dos empresários, que temem até mesmo a falta de mercadorias a partir de novembro, na Blackfriday. Segundo especialistas, o desabastecimento se intensificou nas últimas semanas, depois que as principais atividades portuárias chinesas ficaram praticamente fechadas por conta de uma nova onda de casos do coronavírus no país, que tem provocado atrasos de até 50 dias só na fila de espera por um contêiner.
De acordo com o último levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 70% dos empresários do setor relataram sofrer com a falta de navios e mais da metade precisou cancelar ou suspender alguma viagem.
"Temos cargas esperando embarque há mais de 40 dias e tem previsão de saída só em outubro. Atualmente, temos, em média, 350 navios carregados em alto mar esperando para ser atracados, os contêineres estão ocupados e novos produtos ficam sem saída por falta de espaço. Se um importador conseguir embarcar no final de outubro, a mercadoria vai chegar muito próximo do Natal e não terá tempo de comercialização", explica o professor de negócios e logística internacional do IBMEC, Frederico Martini.
Segundo o especialista, os principais produtos que podem faltar para os consumidor no fim do ano são os eletrônicos, os vinhos, as frutas secas e o bacalhau. "É um efeito cascata na cadeia logística do mundo todo, não é só na China. Tem impacto muito grande na Europa, não há navios e contêineres suficientes por conta da demanda que tem aumentado muito, e o setor enfrenta restrições por causa da pandemia. Os produtos podem começar a não chegar a tempo e com isso podem ficar sem saída depois", completa.
De acordo como presidente do Sindicato dos Lojistas de Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, para os próximos meses, o consumidor pode esperar, além da falta de alguns itens, o aumento no preço dos produtos que conseguirem chegar, para compensar a alta nos custos de logística. "Por conta da falta de alguns produtos, alguns itens já dispararam 15%. Antes da pandemia, se você costumava pagar US$ 10 mil para transportar um contêiner, agora tem que pagar US$ 20 mil", destaca.
Para o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, a situação tende a piorar nos próximos 45 dias. "Esses recentes fechamentos (portos na China), vamos sentir o impacto disso daqui a dois meses, não é de imediato. Algumas cadeias podem sentir mais e outras menos, mas o aumento nos custos isso já ocorreu, agora é ver como será a questão dos atrasos e do abastecimento de matéria-prima", afirma.
Solução.
Para contornar a situação, empresários têm buscado comprar os produtos com bastante antecedência. O problema, segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, é não saber se os itens terão a saída esperada. Para ele, a situação só tende a piorar à medida que as atividades econômicas voltarem a normalidade. "Por conta do Natal, os exportadores já estão com esse planejamento garantido para evitar riscos de distribuição. A questão é que essa é uma situação que irá perdurar até 2023, não terá um alívio a curto prazo", destaca.
Busca a indústria local
A alternativa à crise portuária, de acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas de Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, tem sido a indústria nacional. "Temos um lado péssimo com tudo isso, que é a dificuldade de se ter produtos, além da inflação, mas por outro lado o mercado nacional tem conseguido absorver, a indústria nacional tem aumentado a produção", pontua.
No setor infantil, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, Synésio Batista da Costa, as indústrias têm apostado na substituição de produtos por conta da falta de alguns insumos. Atualmente, dos 4.700 brinquedos produzidos no país, apenas quatro enfrentam dificuldade de produção.
"Dificuldades sempre existem, mas não tem outra alternativa se não for adaptar. Não tem fábrica parada e nem terá falta de mercadoria. Se falta um chip mais complexo para fazer uma boneca mais sofisticada, que fala e anda, por exemplo, produz a quantidade que dá ou a boneca que é possível", analisa o empresário, que comemora o melhor resultado no setor nos últimos 30 anos. "Vamos fechar com crescimento de 14% nas vendas. Dificuldades existem, mas entendemos logo que era preciso se adaptar rápido para doer menos", pondera.
Para Lucas Pitta, vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), os empresários têm se esforçado para aliviar o momento conturbado e a expectativa é que as vendas no fim do ano superem as do ano passado mesmo o aumento da inflação e as dificuldades de exportação.
"O comerciante não tem repassado os aumentos de custos como um todo, porque ele quer fidelizar o cliente, ele acredita que o momento vai passar. Estamos com mais lojas abertas, menos flexibilizações comparado ao ano passado", afirma.
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De acordo com o último levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 70% dos empresários do setor relataram sofrer com a falta de navios e mais da metade precisou cancelar ou suspender alguma viagem.
"Temos cargas esperando embarque há mais de 40 dias e tem previsão de saída só em outubro. Atualmente, temos, em média, 350 navios carregados em alto mar esperando para ser atracados, os contêineres estão ocupados e novos produtos ficam sem saída por falta de espaço. Se um importador conseguir embarcar no final de outubro, a mercadoria vai chegar muito próximo do Natal e não terá tempo de comercialização", explica o professor de negócios e logística internacional do IBMEC, Frederico Martini.
Segundo o especialista, os principais produtos que podem faltar para os consumidor no fim do ano são os eletrônicos, os vinhos, as frutas secas e o bacalhau. "É um efeito cascata na cadeia logística do mundo todo, não é só na China. Tem impacto muito grande na Europa, não há navios e contêineres suficientes por conta da demanda que tem aumentado muito, e o setor enfrenta restrições por causa da pandemia. Os produtos podem começar a não chegar a tempo e com isso podem ficar sem saída depois", completa.
De acordo como presidente do Sindicato dos Lojistas de Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, para os próximos meses, o consumidor pode esperar, além da falta de alguns itens, o aumento no preço dos produtos que conseguirem chegar, para compensar a alta nos custos de logística. "Por conta da falta de alguns produtos, alguns itens já dispararam 15%. Antes da pandemia, se você costumava pagar US$ 10 mil para transportar um contêiner, agora tem que pagar US$ 20 mil", destaca.
Para o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, a situação tende a piorar nos próximos 45 dias. "Esses recentes fechamentos (portos na China), vamos sentir o impacto disso daqui a dois meses, não é de imediato. Algumas cadeias podem sentir mais e outras menos, mas o aumento nos custos isso já ocorreu, agora é ver como será a questão dos atrasos e do abastecimento de matéria-prima", afirma.
Solução.
Para contornar a situação, empresários têm buscado comprar os produtos com bastante antecedência. O problema, segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, é não saber se os itens terão a saída esperada. Para ele, a situação só tende a piorar à medida que as atividades econômicas voltarem a normalidade. "Por conta do Natal, os exportadores já estão com esse planejamento garantido para evitar riscos de distribuição. A questão é que essa é uma situação que irá perdurar até 2023, não terá um alívio a curto prazo", destaca.
Busca a indústria local
A alternativa à crise portuária, de acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas de Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, tem sido a indústria nacional. "Temos um lado péssimo com tudo isso, que é a dificuldade de se ter produtos, além da inflação, mas por outro lado o mercado nacional tem conseguido absorver, a indústria nacional tem aumentado a produção", pontua.
No setor infantil, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, Synésio Batista da Costa, as indústrias têm apostado na substituição de produtos por conta da falta de alguns insumos. Atualmente, dos 4.700 brinquedos produzidos no país, apenas quatro enfrentam dificuldade de produção.
"Dificuldades sempre existem, mas não tem outra alternativa se não for adaptar. Não tem fábrica parada e nem terá falta de mercadoria. Se falta um chip mais complexo para fazer uma boneca mais sofisticada, que fala e anda, por exemplo, produz a quantidade que dá ou a boneca que é possível", analisa o empresário, que comemora o melhor resultado no setor nos últimos 30 anos. "Vamos fechar com crescimento de 14% nas vendas. Dificuldades existem, mas entendemos logo que era preciso se adaptar rápido para doer menos", pondera.
Para Lucas Pitta, vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), os empresários têm se esforçado para aliviar o momento conturbado e a expectativa é que as vendas no fim do ano superem as do ano passado mesmo o aumento da inflação e as dificuldades de exportação.
"O comerciante não tem repassado os aumentos de custos como um todo, porque ele quer fidelizar o cliente, ele acredita que o momento vai passar. Estamos com mais lojas abertas, menos flexibilizações comparado ao ano passado", afirma.