PANDEMIA

 

Liderando o mundo em mortes diárias e fonte da preocupante variante amazônica do coronavírus, mais contagiosa e possivelmente mais mortal, o Brasil é causa de profunda ansiedade para as autoridades mundiais de saúde. Apontado como uma 'colónia de leprosos' o país vê nações vizinhas bloquearem os portões de entrada para brasileiros.Continua depois da publicidade
 
Foco de tensão da pandemia, o Brasil é visto como um perigoso "espalhador" do Sars-CoV-2, o que acende um alerta principalmente na América Latina.

País sempre aclamado pela natureza exuberante, a cultura, a hospitalidade de seus habitantes e como grande potência da língua portuguesa, agora a situação é bem diferente - o Brasil no momento é considerado uma ameaça.

O Peru fechou voos de ida e volta para o Brasil, o Uruguai está enviando doses extras de vacinas para as cidades fronteiriças e o Chile agora direciona quem chega do país para hotéis de quarentena especial. A Colômbia não apenas proibiu voos de entrada e saída do Brasil, mas também para a cidade de Letícia, na fronteira, prendendo centenas de turistas desde o final de janeiro.Continua depois da publicidade
 
Cidade com 50 mil habitantes, Letícia registrou em 2020 índice de mortes quase três vezes maior do que a média nacional. A economia se baseia no turismo e a maior parte de sua comida e suprimentos vêm do Brasil e do Peru.

Em declaração sobre as restrições, o diretor de epidemiologia do Ministério da Saúde da Colômbia, Julian Fernandez, lembrou que, ainda que seja virtualmente impossível impedir a cepa brasileira de se espalhar para o interior mais populoso daquele país, "estamos tentando reduzir o volume e a velocidade com que ela entra, para nos dar tempo de antecipar as vacinações".

O Uruguai, que fechou suas entradas internacionais no início da pandemia, aumentou o patrulhamento ao longo da fronteira de terra seca com o Brasil no ano passado. A ausência de um limite rígido, separando sua maior cidade de divisa, Rivera, da cidade irmã brasileira, Santana do Livramento, levou os novos casos na região para o maior número do país, na semana passada, devido ao fluxo diário de residentes e consumidores.

Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro disse neste mês que foram detectados 10 casos da cepa brasileira e que "temos que cortar os canais de transmissão", enquanto a Argentina limita voos de vários países, incluindo o Brasil.

O Chile, por sua vez, ainda que não tenha ido tão longe quanto o Peru e a Colômbia, está exigindo que todos os passageiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias se dirijam a uma "residência sanitária", para fazer teste de COVID- se positivo, a pessoa fica e, se negativo, tem que fazer 10 dias de quarentena em casa.

Preocupação mundial

Autoridades globais de saúde também têm expressado alarme sobre o risco representado pelo Brasil. Já são 17 países proibindo entrada de brasileiros. A primeira semana de março marcou os piores dias da pandemia no Brasil - lar de menos de 3% da população mundial, o país já é responsável por cerca de 10% dos casos e mortes de COVID-19.

Enquanto isso, a vacinação por aqui segue em ritmo lento. Governadores e prefeitos têm imposto toques de recolher e, em raras ocasiões, bloqueios rígidos, mas as viagens interestaduais continuam e os aeroportos internacionais abertos. Mesmo em locais com restrições mais rígidas, a fiscalização é insuficiente.


Chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom demonstrou receio sobre o tema. "Estamos muito preocupados com o Brasil. E sobre os vizinhos do Brasil - quase toda a América Latina. Isso significa que, se o Brasil não for sério, continuará afetando toda a vizinhança lá e fora dela. Portanto, não se trata apenas do Brasil", declarou.