Empresa quer se tornar mais competitiva; funcionários temem privatização
Os Correios confirmaram ontem que estão fazendo estudos para reduzir o número de agências. Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” afirma que a empresa fechará 513 agências, o que resultará em demissão de 5.300 funcionários. “Os Correios vem realizando estudos pormenorizados de readequação de sua rede de atendimento, o que inclui não apenas a sua rede física de atendimento como também novos canais digitais e outras formas de autosserviços”, disse o presidente interino, Carlos Fortner, por meio de sua assessoria de imprensa.
A empresa não confirmou o número de agências que serão fechadas, mas a reportagem apresentou uma cópia do documento, que já relacionava até os locais. Segundo “O Estado de S. Paulo”, em Minas Gerais, das 20 agências mais lucrativas, 14 seriam fechadas. Estaria incluída na lista, inclusive, a agência central de Belo Horizonte. “Eu não tenho essa definição. Vou dividir isso em fases. Vamos fazer por Estado, por fases. A primeira fase é agência própria sombreada (muito perto) por agência própria em imóvel alugado. Num segundo momento é agência própria sombreada por agência própria num imóvel próprio. Num terceiro momento, são agências próprias sombreadas por agência franqueada”, disse Fortner ao “Estado de S. Paulo”.
De acordo com os Correios, o objetivo da readequação é tornar a empresa mais ágil e competitiva para o seu controlador, que é o Tesouro Nacional.
Para o secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios (Fentect), José Rivaldo da Silva, a movimentação faz parte de uma estratégia da atual administração de precarização da empresa para posterior privatização. “Estamos solicitando uma reunião com o presidente da empresa e vamos conversar com sindicatos do Brasil inteiro para ver se tomamos uma medida mais enérgica", disse.
Carlos Fortner afirmou que o número de pontos fechados pode aumentar ou diminuir, a depender do estudo que ele mandou fazer, e que pode ficar pronto nesta semana. Ele quer analisar uma a uma as agências que estão na lista da degola. “Copacabana (RJ) tem agências a um quarteirão da outra. Não faz o menor sentido isso”, destacou.
Sobre demissões, Fortner afirma: “Evidentemente que o fechamento da agência, no limite, vai implicar a liberação de excedente de mão de obra”. Esse excedente, hoje, é de 5.000 pessoas para 752 agências, o primeiro número proposto pela consultoria para fechamento. “Tudo ainda tem tanto a amadurecer”, disse. (Com agências)
Rombo. Em 2017, os Correios tiveram prejuízo de R$ 1,5 bilhão, provocado principalmente pelas perdas do seu plano de saúde, o Postal Saúde, no centro dos conflitos entre empresa e funcionários.
Minientrevista
Carlos Fortner
Engenheiro civil pela USP
Presidente dos Correios
Quando as agências começam a ser fechadas? O documento fala a partir de maio.
Vou avaliar uma por uma ainda. Estarei recebendo nesta semana as fichas de cada uma. Ao fim, tudo isso será repassado para os ministérios das Comunicações e do Planejamento. Terá uma apresentação ao Tribunal de Contas da União. Para mim, é algo que ficará só a partir do segundo semestre.
Quantas agências serão fechadas? O documento fala em 513.
Quando foi apresentada a primeira tabela, aprovou-se um número de 513. Originalmente eram 752. Depois abaixou. Eu pedi um aprofundamento para a área responsável. Quero que me convençam de uma a uma. Hoje estamos revisando o estudo para se chegar a uma planilha conclusiva.
Qual o critério para fechar as agências?
Eu tenho agências que estão a 50 metros uma da outra. Não é cabível numa empresa que quer ser modernizada, que quer se atualizar, que quer estar saudável, ter agências a 50 metros uma da outra, gastando com dois imóveis e assim por diante.
Haverá etapas?
Pedi para separar em fases. A primeira é agência própria que sombreia (está próxima de) agência própria em imóvel alugado. Eu devolvo o imóvel e ainda corto custo. Não tem demissão nessa etapa. Absorvo essas pessoas em outra agência.