Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio de Janeiro



Forças Armadas nas ruas do Rio


7.jun.2018 - Homens das Forças Armadas iniciaram nas primeiras horas da manhã uma operação na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. Outras cinco comunidades da região também são alvos da ação: Gardênia Azul, Outeiro, Vila do Sapê, Parque Dois Irmãos e Morro da HelenaImagem: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

As Forças Armadas iniciaram na manhã desta quinta-feira (7) uma operação de segurança na Cidade de Deus e em outras cinco favelas da região de Jacarepaguá, zona oeste do Rio. O início da ação, por volta das 6h, ocorreu sob intensa troca de tiros e provocou o fechamento da estrada Grajaú-Jacarepaguá, uma das vias expressas mais importantes da região.

Ao todo, 4.600 militares e 760 policiais estão na região. Este é o maior efetivo utilizado em uma operação desde o início da intervenção federal no Rio. Blindados e helicópteros também são utilizados.

Militares e policiais entraram na Cidade de Deus em blindados Guarani e Urutu. Traficantes soltaram fogos de artifício para alertar outros criminosos sobre a chegada das forças de segurança.

Logo em seguida começou um intenso tiroteio. A reportagem do UOL ouviu grande quantidade de disparos e rajadas de fuzil. O confronto inicial durou cerca de 20 minutos, depois os sons de disparos foram reduzidos.

Além da Cidade de Deus, a operação ocorre nas favelas Gardênia Azul, Outeiro, Vila do Sapê, Parque Dois Irmãos e Morro da Helena.

O objetivo da operação é enfraquecer a facção criminosa Comando Vermelho e abrir caminho para que policiais do 18º Batalhão da Polícia Militar reassumam o controle da região, habitada por cerca de 200 mil pessoas.

O Comando Conjunto da intervenção informou que um suspeito foi morto durante um confronto entre criminosos e as forças de segurança. Outras 13 pessoas foram presas. Um PM foi ferido e um militar motociclista morreu em acidente de trânsito na operação.

Também foram apreendidas três pistolas, uma granada e uma quantidade ainda não pesada de drogas. Um local que era usado para o preparo dos entorpecentes também foi encontrado, segundo os militares.

Segundo a Polícia Militar, em paralelo, ocorrem ações da polícia (sem participação das Forças Armadas) em outras favelas do Rio, entre elas, o Complexo do Lins, na zona norte, e a Rocinha, na zona sul.

Moradores pedem ação permanente

Segundo moradores da região ouvidos pelo UOL, a ação é bem-vinda, mas eles pediram uma presença mais efetiva das Forças Armadas na comunidade.

"Acho bom acontecer isso porque está muito perigoso aí dentro. Ontem mesmo foi tiroteio o dia inteiro", afirmou um morador que pediu para não ter o nome revelado.

"O problema é a hora em que tudo aconteceu. O tiroteio começou forte quando as pessoas estavam se preparando para sai para o trabalho, tive que esperar para sair", disse.

Já um comerciante afirmou que as ações das forças de segurança deviam acontecer na área em caráter permanente. "Não adianta só entrar e sair, tem que ficar", disse.

Outro morador afirmou que qualquer operação é positiva. "Já ajuda muito, o crime aqui dentro está demais", disse também ser revelar seu nome.

Região é disputada por facções e milícias

Essa é a segunda vez que as Forças Armadas fazem uma operação de grandes proporções nessa área da zona oeste do Rio em menos de um mês. No dia 18 de maio, o foco foi em favelas do bairro da Praça Seca, em Jacarepaguá, também área de responsabilidade do 18º Batalhão.

Essa região da zona oeste é considerada instável por ser palco de disputas entre facções criminosas e milicianos.

Entre os meses de março e abril, a intervenção adotou estratégia semelhante para fortalecer outro batalhão da PM, o 14º, de Bangu, responsável por áreas de favelas como Vila Kennedy, Batan e Vila Vintém.

Segundo a intervenção federal, as operações ostensivas das Forças Armadas em favelas do Rio consideradas ações de caráter emergencial. Elas acontecem em paralelo a mudanças de bastidores que visam reequipar, melhorar a gestão e reestruturar as polícias do estado.