array(31) {
["id"]=>
int(123565)
["title"]=>
string(60) "Brasil vai enfrentar 'enxurrada' de ações no pós-pandemia"
["content"]=>
string(6728) "JUDICIALIZAÇÃO
Com cerca de 40 pessoas do clube infectadas por Covid-19, o Flamengo tentou, judicialmente, adiar a partida contra o Palmeiras no fim de setembro. Mas não conseguiu. Várias escolas também entraram com ações para retomarem as aulas presenciais. Ainda não existem estatísticas consolidadas sobre o volume de novos processos que engrossaram o Judiciário durante a pandemia, mas, na avaliação de advogados, a demanda pela Justiça está cada vez maior e a tendência é aumentar.
“O pós-pandemia indica que o Brasil vai enfrentar uma enxurrada de ações. Nós já temos hoje cerca de 80 milhões de processos tramitando, para 18 mil juízes. E entendemos que as ações relativas ao funcionamento das empresas, à contratação de funcionários e a tantas outras questões relativas ao mercado de trabalho e ao desemprego deverão ser enfrentadas pelo Poder Judiciário”, afirma a presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Renata Gil.
Na avaliação da advogada criminalista e professora universitária Virgínia Afonso, o crescimento da judicialização no Brasil é preocupante. “O que se nota é que o Judiciário tem sido chamado a interferir cada vez mais nas políticas públicas que, na verdade, são de competência do Poder Executivo”, observa a advogada. Na opinião dela, se uma prefeitura estabelece medidas de restrições sanitárias para o fechamento de escolas ou bares, por exemplo, a decisão tem que ser dela.
“O chefe do Executivo foi eleito pelo povo e tem a legitimidade democrática do voto. Os eleitores elegem os titulares para que definam as políticas públicas. Na medida em que o Judiciário interfere, enfraquece a própria legitimidade de suas decisões”, analisa Virgínia.
O professor de direito do Centro Universitário UNA Allan Milagres destaca que os cenários da judicialização do direito e dos conflitos não são novidades e têm até um aspecto positivo, uma vez que indica que a sociedade tem buscado seus direitos. Entretanto, o aumento de ações e o tempo de duração dos processos podem agravar o congestionamento do Judiciário no pós-pandemia e, portanto, o melhor caminho é tentar soluções mais conciliadoras, para não abarrotar a Justiça.
“A mim preocupam as ações judiciais reprimidas no período da pandemia e posterior. As pessoas, em especial aquelas que estão realizando algum tipo de contrato, mais do que nunca, deverão buscar formas adequadas de resolução de conflitos, como soluções administrativas, conciliação e mediação”, diz Milagres.
Na avaliação do advogado, o caminho é deixar o Judiciário como última opção. “Com o aumento das demandas judiciais novas em comparação com a baixa finalização dos casos judiciais antigos, o congestionamento das ações judiciais é uma realidade e uma tendência”, afirma.
Conciliação é o melhor caminho
O secretário geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Valter Shuenquener, afirma que, seja na área empresarial, nas relações de consumo ou trabalhistas, a pandemia vai gerar um aumento expressivo de litígios e ajuizamento de ações. “A maior preocupação do Judiciário é que isso não comprometa a qualidade da prestação jurisdicional. É preciso, portanto, que se haja um esforço, não só do Poder Judiciário, mas de toda a sociedade, de se buscar um ambiente de mediação”, ressalta o Shuenquener.
Para o secretário geral do CNJ, a conciliação é o caminho para evitar o uso indiscriminado do Poder Judiciário. “Eu imagino que haverá aumento dos conflitos na Justiça do Trabalho e nas relações de consumo, com viagens aéreas canceladas e hotéis que se recusaram a fazer restituições, por exemplo. Tudo isso vai gerar uma procura maior pelo Poder Judiciário, mas eu tenho certeza de que ele vai responder à altura”, ressalta.
Além da conciliação, Shuenquener destaca a busca de alternativas por meio da aposta em tecnologia, para conferir mais celeridade aos processos e conseguir um achatamento da curva de ações judiciais no pós-pandemia.
Pedidos de recuperação judicial vão disparar
No dia 9 de abril, a Prefeitura de Belo Horizonte publicou decreto determinando o fechamento de todas as atividades não essenciais. Um novo decreto autorizando a reabertura gradual de lojas, bares e restaurantes só veio cinco meses depois. Segundo o especialista em direito empresarial Charles Fernando Vieira, os reflexos serão sentidos no aumento das ações de recuperação judicial.
“Com certeza, em virtude do coronavírus e da obrigatoriedade de as empresas terem tido que ficar fechadas por tanto tempo, teremos um aumento dos pedidos de recuperação judicial. Esse é um remédio para que elas consigam se restabelecer financeiramente”, diz o advogado. A Lei 11.101, de 2005, trouxe a possibilidade de suspensão temporária do pagamento de dívidas para aquelas empresas que, apesar de dificuldades, ainda têm viabilidade econômica.
"
["author"]=>
string(25) " QUEILA ARIADNE / O TEMPO"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(571972)
["filename"]=>
string(7) "stf.jpg"
["size"]=>
string(6) "152279"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(9) "politica/"
}
["image_caption"]=>
string(115) "Pandemia deve aumentar a demanda judiciária do Brasil, que já tem 80 milhões de ações /Foto: STF/ Divulgação"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(125) "Justiça é cada vez mais procurada para interferir em questões de políticas públicas
"
["author_slug"]=>
string(22) "queila-ariadne-o-tempo"
["views"]=>
int(77)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(484)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(55) "brasil-vai-enfrentar-enxurrada-de-acoes-no-pos-pandemia"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(460)
["name"]=>
string(6) "Brasil"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(6) "brasil"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(460)
["name"]=>
string(6) "Brasil"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(6) "brasil"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2020-11-02 11:54:05.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2021-01-19 23:15:44.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2020-11-02T11:50:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(16) "politica/stf.jpg"
}
JUDICIALIZAÇÃO
Com cerca de 40 pessoas do clube infectadas por Covid-19, o Flamengo tentou, judicialmente, adiar a partida contra o Palmeiras no fim de setembro. Mas não conseguiu. Várias escolas também entraram com ações para retomarem as aulas presenciais. Ainda não existem estatísticas consolidadas sobre o volume de novos processos que engrossaram o Judiciário durante a pandemia, mas, na avaliação de advogados, a demanda pela Justiça está cada vez maior e a tendência é aumentar.
“O pós-pandemia indica que o Brasil vai enfrentar uma enxurrada de ações. Nós já temos hoje cerca de 80 milhões de processos tramitando, para 18 mil juízes. E entendemos que as ações relativas ao funcionamento das empresas, à contratação de funcionários e a tantas outras questões relativas ao mercado de trabalho e ao desemprego deverão ser enfrentadas pelo Poder Judiciário”, afirma a presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Renata Gil.
Na avaliação da advogada criminalista e professora universitária Virgínia Afonso, o crescimento da judicialização no Brasil é preocupante. “O que se nota é que o Judiciário tem sido chamado a interferir cada vez mais nas políticas públicas que, na verdade, são de competência do Poder Executivo”, observa a advogada. Na opinião dela, se uma prefeitura estabelece medidas de restrições sanitárias para o fechamento de escolas ou bares, por exemplo, a decisão tem que ser dela.
“O chefe do Executivo foi eleito pelo povo e tem a legitimidade democrática do voto. Os eleitores elegem os titulares para que definam as políticas públicas. Na medida em que o Judiciário interfere, enfraquece a própria legitimidade de suas decisões”, analisa Virgínia.
O professor de direito do Centro Universitário UNA Allan Milagres destaca que os cenários da judicialização do direito e dos conflitos não são novidades e têm até um aspecto positivo, uma vez que indica que a sociedade tem buscado seus direitos. Entretanto, o aumento de ações e o tempo de duração dos processos podem agravar o congestionamento do Judiciário no pós-pandemia e, portanto, o melhor caminho é tentar soluções mais conciliadoras, para não abarrotar a Justiça.
“A mim preocupam as ações judiciais reprimidas no período da pandemia e posterior. As pessoas, em especial aquelas que estão realizando algum tipo de contrato, mais do que nunca, deverão buscar formas adequadas de resolução de conflitos, como soluções administrativas, conciliação e mediação”, diz Milagres.
Na avaliação do advogado, o caminho é deixar o Judiciário como última opção. “Com o aumento das demandas judiciais novas em comparação com a baixa finalização dos casos judiciais antigos, o congestionamento das ações judiciais é uma realidade e uma tendência”, afirma.
Conciliação é o melhor caminho
O secretário geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Valter Shuenquener, afirma que, seja na área empresarial, nas relações de consumo ou trabalhistas, a pandemia vai gerar um aumento expressivo de litígios e ajuizamento de ações. “A maior preocupação do Judiciário é que isso não comprometa a qualidade da prestação jurisdicional. É preciso, portanto, que se haja um esforço, não só do Poder Judiciário, mas de toda a sociedade, de se buscar um ambiente de mediação”, ressalta o Shuenquener.
Para o secretário geral do CNJ, a conciliação é o caminho para evitar o uso indiscriminado do Poder Judiciário. “Eu imagino que haverá aumento dos conflitos na Justiça do Trabalho e nas relações de consumo, com viagens aéreas canceladas e hotéis que se recusaram a fazer restituições, por exemplo. Tudo isso vai gerar uma procura maior pelo Poder Judiciário, mas eu tenho certeza de que ele vai responder à altura”, ressalta.
Além da conciliação, Shuenquener destaca a busca de alternativas por meio da aposta em tecnologia, para conferir mais celeridade aos processos e conseguir um achatamento da curva de ações judiciais no pós-pandemia.
Pedidos de recuperação judicial vão disparar
No dia 9 de abril, a Prefeitura de Belo Horizonte publicou decreto determinando o fechamento de todas as atividades não essenciais. Um novo decreto autorizando a reabertura gradual de lojas, bares e restaurantes só veio cinco meses depois. Segundo o especialista em direito empresarial Charles Fernando Vieira, os reflexos serão sentidos no aumento das ações de recuperação judicial.
“Com certeza, em virtude do coronavírus e da obrigatoriedade de as empresas terem tido que ficar fechadas por tanto tempo, teremos um aumento dos pedidos de recuperação judicial. Esse é um remédio para que elas consigam se restabelecer financeiramente”, diz o advogado. A Lei 11.101, de 2005, trouxe a possibilidade de suspensão temporária do pagamento de dívidas para aquelas empresas que, apesar de dificuldades, ainda têm viabilidade econômica.