Advogada diz que falta política de educação do INSS para beneficiários sobre ferramentas de seguridade social
As dificuldades para conseguir novo emprego na pandemia fizeram com que muitos mineiros deixassem de recolher o INSS. Sem dinheiro para necessidades básicas, o ato de contribuir acabou deixado para outro momento. E, nesse cenário, o desconhecimento em relação ao “período de graça” impede que um batalhão de pessoas requeira benefícios aos quais teria direito.

É o caso da costureira Zilda Silva de Jesus Arruda, de 59 anos. Desempregada desde novembro, ela descobriu um câncer no intestino em janeiro. Sem recolher o INSS, sequer cogitou requer o auxílio-doença, que ajudaria a bancar o tratamento – gasto que já consumiu o carro de um dos filhos e outros bens de familiares. “Infelizmente, a gente deixa de usufruir de um recurso porque ninguém nos auxilia e informa sobre a lei. Agora que sei, pode ter certeza que vou dar entrada, o mais rápido possível”, garante dona Zilda, que segue impossibilitada de trabalhar.

O caso é parecido com o do pintor Geraldo Barbosa, de 37. Autônomo, ele recolheu o benefício do INSS desde que começou na atividade com o irmão, há 15 anos. Em outubro, foi acometido de Covid-19 e ficou mais 30 dias internado em Betim, na Grande BH. 

Ainda precisando fazer fisioterapia e sofrendo com sequelas da doença, Geraldo não conseguiu retornar ao trabalho, mas nem pensou em buscar o auxílio no INSS. “Eu já tinha ouvido que, se você deixa de pagar três meses, fica completamente descoberto. Por isso, sequer procurei a Previdência”, explica o pintor.

Para a advogada previdenciária Lilian Salgado, a falta de conhecimento sobre a existência do período de graça, de fato, impede a concessão dos benefícios.

“Infelizmente, não existe uma política de educação para o beneficiário sobre as ferramentas de seguridade social que existem. As pessoas, quando pensam no INSS, só lembram da previdência, mas esquecem que o instituto é bem mais que disso: é um sistema que existe para garantir o mínimo de segurança social a quem a ele está vinculado”, afirma a advogada.