Informação foi confirmada no início da tarde desta segunda-feira (7) pelo Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves.

Por Isabela Leite, GloboNews, São Paulo

A arcada dentária encontrada neste domingo (6) nos escombros do prédio que desabou no Centro de São Paulo na terça-feira (1º) é de Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro, o morador que caiu junto com o prédio quando estava sendo resgatado pelos Bombeiros.

A informação foi confirmada no início da tarde desta segunda-feira (7) pelo Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves. Segundo ele, o laudo oficial ainda não foi entregue, mas o secretário já recebeu a informação da Polícia técnico-científica a respeito.

- Polícia Militar, Emergência.

- Eu tô no prédio que tá pegando fogo!

- O senhor tá dentro?

- Hã?

- O senhor tá dentro do prédio?

- Eu tô no prédio. Eu tô no último andar. Eu tô no térreo. Eu tô na, na, na cobertura! O fogo já tá aqui em cima.

- Tem a altura do número aí? Mais ou menos a rua?

- É no começo da Rio Branco. O bombeiro já tá vindo pra cá.

- Eu vou avisar que o senhor tá em cima, tá?

- Por favor! O fogo já aqui em cima perto de mim!

- Tem mais alguém com o senhor aí?

- Teve gente que não conseguiu subir por causa da fumaça. É muito tóxica.

- Tá, tá. Tá bom. Eu vou avisar aqui, tá bom?

- Por favor, manda o resgate pra mim aqui, eu tô no térreo.

- Como é que é seu nome? Qual que é seu nome, senhor?

- Ricardo de Oliveira Galvão.

- Senhor Ricardo, eu já vou avisar, tá bom? É só aguardar aí.

- Por favor, manda o helicóptero. Me tira daqui!

- Senhor, eu já tô avisando. Conte com a Polícia Militar. Boa noite.

Bombeiros tentavam salvá-lo com uma corda quando tudo veio abaixo. Eles subiram quinze andares de escada até chegar num ponto de onde pudessem fazer o resgate. Do alto de um prédio próximo, dá para ver o buraco que os bombeiros fizeram na parede para chegar até Ricardo.

Encurralado pelo fogo no teto do prédio, Ricardo começou a descer pelo cabo do para-raios. Mas o fio só chegava até o 15º andar. Ricardo ficou pendurado, à espera dos bombeiros. Quando os bombeiros já tinham lançado a corda de salvamento, o prédio começou a desabar. Um pedaço de uma laje atingiu Ricardo em cheio. Veja mais na reportagem acima.

Conhecido como Tatuagem, Ricardo era conhecido como uma pessoa simpática, de fácil relacionamento, que era amigo das crianças. No Largo do Paissandu, um primo dele, Paulo Felipe de Oliveira, ainda tinha esperança de que Tatuagem pudesse estar em outro lugar.

Segundo Paulo, o primo costumava andar de patins. Tinha vários vídeos publicados numa rede social e costumava ir ao trabalho sob as rodinhas.

Tatuagem chegou a trabalhar como eletricista, entregador, lustrador e lavador de carro. Atualmente, carregava e descarregava os contêineres de comerciantes do Brás, na região central. “Era muito gente boa, tinha ele como irmão”, disse Fernando Delfino e Silva, colega de trabalho dele.

“Eu vejo que ele é um cara insubstituível. Nesse momento, pela liderança dele, pela pessoa que ele era, o respeito que ele tinha. Ele tratava todos iguais, independente do cara ser do Sul, do Norte, Nordeste, branco, preto, ele tratava todos iguais”, contou o ajudante de caminhão Fábio Henrique Dias Ribeiro.

Buscas

Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, os profissionais tentam chegar ao 8º andar, onde há a possibilidade de localizar pontos onde estariam possíveis vítimas. A Prefeitura diz que o número de pessoas relatadas pelos moradores como desaparecidas subiu de 49 para 50.

Os demais desaparecidos são:

  1. •Selma Almeida da Silva;
  2. •Welder, 9, filho de Selma;
  3. •Wender, 9, filho de Selma;
  4. •Eva Barbosa Lima, 42;
  5. •Walmir Sousa Santos, 47

Walmir Sousa Santos, Eva Barbosa Lima, Selma Almeida da Silva e seus filhos, Welder e Wender, estão desaparecidos (Foto: Arquivo pessoal)

Walmir Sousa Santos, Eva Barbosa Lima, Selma Almeida da Silva e seus filhos, Welder e Wender, estão desaparecidos (Foto: Arquivo pessoal)

Arte mostra o prédio incendiado e as outras construções interditadas por falta de segurança no Centro de SP (Foto: Foto: Alexandre Mauro, Wagner M. Paula, Igor Estrella e Roberta Jaworski/G1) P)

Arte mostra o prédio incendiado e as outras construções interditadas por falta de segurança no Centro de SP (Foto: Foto: Alexandre Mauro, Wagner M. Paula, Igor Estrella e Roberta Jaworski/G1) P)