Belo Horizonte, segunda-feira, 04 de fevereiro. Logo no início da madrugada, uma forte ventania, com raios e trovões, anunciou uma tempestade que não veio. O dia amanheceu nublado, frio como uma manhã de junho. Hoje começa, oficialmente, o ano de 2019. Começa estranhamente reflexivo, silencioso. O luto das vítimas do crime ambiental de Brumadinho é permanente. Os filhos pequenos perguntam onde está o pai; ouvem o som das hélices dos helicópteros e tremem; acordam sobressaltados com medo da lama invadir o quarto. Suas mães e parentes não param de chorar e eles observam, tristes e temerosos com um amanhã sem respostas. Parte destas crianças, hoje, voltou às aulas. O silêncio deu lugar ao ruidoso trinado na sala de aula. O que será destas crianças sem pai? E suas mães, sem saber se vão enterrar o marido? Ou os pais e mães?
Este é um sentimento que se distribuiu, tornou-se solidário. Todas as crianças de Minas ouvem helicópteros e tremem; dormem sobressaltadas, acordam com o choro da mãe.
O ano de 2019 começa, oficialmente, hoje.
Um novo País se configura. Um novo País se reconfigura no sofrimento de tantos.
As vítimas de Brumadinho, Insepultas, não morreram.
Dormem embaixo da lama esperando ser despertadas.
Rompeu-se, com a barragem de Brumadinho, a nossa tolerância.
Mariana atingiu nosso alimento, Brumadinho, nossa alma.
É hora de formar um elo entre a consciência civil e a responsabilidade empresarial e governamental.
Porque os insepultos de Brumadinho nunca serão esquecidos.
Nunca.