Finalizado o funesto 2017, é hora de dar um balanço no que foram esses 12 meses que passaram e projetar o que poderá ser 2018, um ano que começa com o governo federal, como sempre, tíbio e débil. Ora, não é possível que o governo Temer nomeie uma ministra do Trabalho com uma folha corrida como a da deputada Cristiane Brasil e ainda queira sustentar seu ato brigando contra a justiça que por dois vezes a vetou para o cargo em nome da moralidade pública. Dizer que a Justiça não pode interferir na posse da ministra é querer tapar o sol com a peneira – na célebre afirmação do mineiro Aureliano Chaves na década de 80. A questão posta não diz respeito à legalidade, mas à idoneidade, à moral que se deve exigir dos homens e das púbicas que se dedicam ao serviço público.
Ora, não custa repetir, a deputada Cristiane Brasil foi condenada por burlar a legislação trabalhista e querem que ele ocupe exatamente ministério do Trabalho? Isso é zombar do cidadão, sobretudo daqueles que em tempos recentes saíram às janelas para bater panelas, para protestar contra um governo que não cometeu um decimo dos "malfeitos" que o Temer vem cometendo. Alguém viu, por exemplo, alguém saindo de um restaurante correndo com uma mala com 500 mil reais, no governo passado? Ou alguém zombando que mataria o primo se ele cometesse uma delação de dois milhões de reais? Não, ninguém viu. Mas todo o País sabe que dia 24 de janeiro agora um ex-presidente da República será levado ao pelourinho por um suposto crime para do não há provas.
Pois é assim que 2018 vai rompendo na alvorada de um ano que será marcado, sobretudo, pelo que ocorreu em 2017 e pelas eleições presidenciais de outubro próximo. O ano que passou não foi fácil para ninguém. Os administradores públicos, sobretudo os do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, para não falar em Goiás, que o digam. Minas também teve os seus percalços, marcados, no entanto, pela indiferença do governo Temer que não demonstrou um só gesto de solidariedade com o Estado que recebeu de seus atuais aliados um Estado em situação pré-falimentar, com um déficit orçamentário de dez bilhões, mas que mesmo assim conseguiu manter a máquina pública em funcionamento, mesmo parcelando salários dos servidores de algumas carreiras, mas sem deixar de prestar os serviços pelos quais o cidadão paga. E como isso? Primeiro, ajustando na medida do possível a receita com a despesa, usando para tanto o refinanciamento dos devedores do estado e premiando os bons pagadores. Em seguida, cortando despesas onde era possível cortar. Zerou o déficit? Não, mas o reduziu em dois bilhões e, mais importante, mantendo o Estado em paz e funcionando.
Quando se diz que o governo manteve o Estado em paz, diz-se, por exemplo, que de janeiro a novembro de 2017, houve uma redução d 12,75 por cento nos crimes violentos nas diversas regiões de Minas, com seus 653 municípios. No caso de homicídios, a redução foi de 7,22 por cento no mesmo período, o que não é pouco quando se olha para o Rio de Janeiro, São Paulo ou o vizinho Espírito Santo. Com tranquilidade, ainda que relativa, dados os números que marcam a violência em todo o território nacional, pela falta de uma política federal de Segurança Pública, Minas conseguiu atrair desde 2015, quando o governador Fernando Pimentel tomou posse no Palácio da Liberdade, investimentos de 16 bilhões de reais, com indústrias do porte da Saint Gobain, Estrella Galícia, e a transferência das operações da Ambev para Minas Gerais. Em consequência, no período de janeiro a novembro, foram criados em Minas Gerais 61.120 empregos com carteira assinada, ficando o Estado atrás apenas de São Paulo, o de maior pujança industrial do país. Nesse meio tempo, Minas espera que o governo federal cumpra a sua parte, não virando as costas para os mineiros, como têm feito até agora.
Ora, é preciso que o governo assegure a securitização das dívidas dos Estados, projeto já aprovado pelo Senado e a caminho do Planalto. Segundo, que o governo Temer aceite o encontro de contas proposto pelo governador Pimentel ao próprio presidente da República, em carta, há dois anos. Mas Temer insiste em desconhecer o peso político de Minas e a capacidade de luta dos mineiros. Talvez por isso fuja de Minas e não visita o Estado desde que tomou posse ao depor a presidente Dilma Rousseff. No encontro de contas proposto pelo governador Pimentel, na verdade, Minas deixa de ser devedor e passa a ser credor de 135 bilhões de reais, resolvendo de vez todos os seus problemas de caixa, agravados, aliás, pelo próprio governo Temer que se recusou a vender aos mineiros quatro usinas hidrelétricas que pertenceram a Cemig e as entregou de mão beijada a empresas estatais estrangeiras – francesas e chinesas – nessa febre privatista que tomou conta do governo da República. Tem-se por isso mesmo que Temer não vem a Minas por medo de que os mineiros façam com ele o que fizeram com D. Pedro I, cuja visita a Ouro Preto e Mariana, em 1822, foi marcada pelo dobrado dos sinos por onde passava em sinal de protesto. Dom Pedro não levou a sério a recomendação do Ministro Martinho de Melo e Castro ao Visconde de Barbacena, a 28 de janeiro de 1788, 34 anos antes, quando escreveu:
"Entre todos os povos de que se compõem as diferentes capitanias do Brasil, nenhuns talvez custaram mais a sujeitar e reduzir à devida obediência e submissão de vassalos ao seu Soberano, como foram os de Minas Gerais".