Marcelo Camargo/Agência Brasil

Todos sabemos que o capitão Jair Bolsonaro ganhou as eleições com o intuito de acabar com elas. Nenhum governo de extrema-direita toma o poder – à força ou pelo voto - para preservar a democracia e sim para destruí-la. Governo de extrema-direita não vê com bons olhos a alternância no poder. Sempre trabalha para permanecer nele o máximo de tempo possível sob o pretexto de salvar o país de alguma coisa, seja do comunismo ou da corrupção ou de ambos. O que não sabemos ainda é como ele fará para alcançar o objetivo e se terá êxito.

O caminho mais seguro para acabar com a democracia é acabar com os partidos. E essa etapa o presidente eleito tem cumprido desde a campanha eleitoral. Ele não foi o candidato de um partido e sim um franco atirador a quem um partido aderiu.

Agora está formando seu governo sem dar a mínima para os partidos. Rejeita fazer um governo de coalização com os partidos, como acontecia desde a fundação da Nova República; a sua coalização é com as bancadas temáticas. Mais precisamente, com as três maiores: a da Bíblia, a da Bala e a do Boi. Elas já foram contempladas com seis ministérios. Nem sempre isso quer dizer que algum integrante da bancada vire ministro e sim que os nomes escolhidos tenham a mesma agenda da bancada.

A Bancada da Bíblia, a maior de todas, 180 parlamentares, foi contemplada com dois ministérios: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodriguez (Educação).

A Bancada da Bala, a que mais cresceu – de 30 para 103 – também ganhou dois: a chefia da Casa Civil (Onyx Lorenzoni) e a Justiça (Sérgio Moro).

A Bancada do Boi também ficou com dois: Agricultura (Teresa Cristina) e Saúde (Luiz Henrique Mandetta).

Enfraquecer os partidos políticos é o primeiro passo para acabar com a democracia. O segundo é acabar com os políticos.

Quem vai cuidar da segunda tarefa é Sérgio Moro, titular do Ministério da Lava Jato. Quanto mais políticos forem processados e presos – seja de que partido forem - mais perto estaremos de um governo totalitário.