O país ingressou desde domingo na longa noite escura do fascismo. Os bolsonaristas espalham o terror pelo Brasil adentro como cães sedentos de sangue. As vítimas são contadas entre os mais frágeis, moídos pelo capitalismo: negros, mulheres, gays, transexuais. Há uma razão para domingo, 7 de outubro, ser a data do início do terror fascista ente nós.
Paradoxalmente, deveria ser a data de celebração da vida democrática brasileira. Mas, não. Para os fascistas, com o nome de bolsonaristas, foi a data em que sentiram o poder ao alcance da mão. A vitória já no primeiro turno pareceu-lhes certa. E saíram dos esgotos por todos os lados.
A vitória definitiva de Bolsonaro não se concretizou. Mas eles a vislumbram e lhes sobe à boca o gosto de sangue.
O terror começou nas cabines eleitorais. Vários bolsonaristas utilizaram canos de revólveres e pistolas para marcar o número 17 na urna eletrônica e fizeram questão de filmar e espalhar o ataque aberto à democracia nas redes sociais.
Das cabines para as ruas foi um curto trajeto, alguns passos apenas.
Segundo levantamento da Agência Pública divulgado pelo 247 (aqui) foram contabilizados nada menos que 50 ataques de bolsonaristas nos últimos dez dias, mas a situação tornou-se muito mais dramática desde o domingo.
A dita "sociedade" olha para o lado e finge que não é com ela. Um delegado afronta a memória da humanidade e diz que a suástica cravada na pele de uma menina de 19 anos por bolsonaristas é um "símbolo budista do amor". Uma jovem foi tratada como gado, como judia nos campos de concentração nas ruas de Porto Alegre e é "normal". A imprensa conservadora, que concilia e acaricia o fascista, trata o delegado como se fosse autoridade no assunto, alguém que deve ser ouvido como detentor de um suposto saber.
Estamos revivendo no Brasil os processos da Alemanha e da Itália. Mas os livros de história estão sendo proibidos nas escolas e queimados pelos bolsonaristas, para que as pessoas não saibam.
O objetivo deles é claro. Disseminar o medo, intimidar, obrigar as pessoas a saírem das ruas, a trancarem-se em casa, impedi-las de expor suas escolhas em público, do jeito de caminhar às roupas, a renunciarem ao riso, ao sorriso, à risada solta, à gargalhada.
A alegria está proibida. Permite-se apenas o som do calçado que pisa ruidosamente no chão, o gozo com o choro da vítima, o prazer com a veste manchada de sangue, o regozijo com os despojos dos submetidos.
É o terror que se instala e usa a democracia para liquidá-la, aproveita-se da liberdade para exterminá-la, lança mão dos direitos para esmagá-los.
A eleição de 28 de outubro define muito mais que o próximo presidente. Decide se a noite do terror irá prolongar-se pelos anos à frente.