Ricardo Stuckert

Depois da fracassada tentativa de prender o Lula, um juiz afirmou que eles “tinham perdido o timing para prender o Lula”. Era uma confissão, não apenas do fracasso daquela tentativa, como também da estreita aliança entre setores do Judiciário e da mídia. A própria ideia do “timing” para prender o maior líder popular da historia do Brasil, confessava que se tratava de uma operação de marketing, que tem seus “timings”, seus efeitos na opinião publica, de que esses juízes dependem para colocar em pratica suas arbitrariedades.

Aquela tentativa fracassada, que se dava no auge da ofensiva desestabilizadora da direita contra o governo democraticamente reeleito, pretendia encerrar o Lula em Curitiba, desfechar nova ofensiva de desmoralização do ex-presidente em toda a imprensa do fim de semana – a tentativa foi feita, de proposito, numa sexta feira cedo -, sem lhe dar a palavra, como ofensiva final de destruição da reputação do Lula.

Lula amanheceu prisioneiro, terminou o dia falando 10 minutos no Jornal Nacional, porque quando saiu, recuperou a palavra, fez seu discurso, com as denuncias correspondentes, impôs o caráter politico do que se estava vivendo. Foi o sinal para a retomada das mobilizações populares, depois do desconcerto generalizado nos movimentos populares. Foi a partir daquela virada que a direita perdeu o “timing” para prender o Lula e para condená-lo.

A perseguição jurídica, policial e midiática só se multiplicou, mas passava a se chocar com a recuperação da capacidade de iniciativa e de discurso por parte da esquerda. A direita foi perdendo força e foi concentrando sua ação no plano jurídico e midiático, sem capacidade mais de mobilização popular.

Conforme os efeitos socialmente negativos das politicas do governo foram sendo sentidos por setores cada vez mais amplos da população, Lula recuperando prestigio, conseguindo diminuir a rejeição que as campanhas persecutórias da direita tinham produzido e o movimento popular voltou a se mobilizar.

A perseguição judicial se multiplicou por vários processos, conforme a direita foi percebendo que suas ilusões de que poderia derrotar eleitoralmente o Lula, projetando um candidato “de fora da politica”, foram se desfazendo. Lula é vitima de cerca de 7 processos, uns mais absurdos que os outros, ao mesmo tempo que não parou de subir nas pesquisas.

Até que o primeiro dos processos chega à sua fase final, de condenação em primeira e segunda instancia, paralelamente ao auge do apoio do Lula e das mobilizações populares a seu favor. Fica mais claro ainda que a direita perdeu o “timing” para condenar o Lula. Por mais que juízes reafirmem seu poder de impor condenações mesmo sem provas, as condições politicas de excluir Lula do processo eleitoral se enfraquecem cada vez mais.

As condenações chegam tarde demais. Lula já se tornou o personagem mais importante da politica brasileira e o líder chave sobre o o futuro do Brasil. Pode mudar a forma e o lugar de onde vai atuar, mas não mudará mais o peso determinante que ele reconquistou para os destinos do Brasil.